Joui - Escola Nostradamos de Ensino Médio

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Meu nome é Joui Jouki.
Tenho 15 anos e eu era aluno de um internato, a Escola Nostradamus de Ensino Médio, uma escola particular para jovens problemáticas.
Apesar de não ser por vontade minha, eu realmente era meio problemático. Tudo começou no quinto ano, foi quando conheci meus melhores amigos, passei a me meter em muitas encrencas que eu não queria, por outro lado, Arthur e Cesar foram as melhores pessoas que já entraram na minha vida. Desde aquele ano, nós nos tornamos inseparáveis e quando entramos no ensino médio não foi diferente.
Nunca nada foi fácil em nossas vidas e as coisas passaram a ir de mal a pior no primeiro ano do ensino médio.
Era hora do almoço, adolescentes estavam espalhados pelos corredores comendo, olhando seus celulares ou conversando. O sr. Veríssimo, nosso professor de história, estava conosco em uma mesa mais afastada da cantina. Ele nunca gostou de ficar na sala dos professores, dizia que os outros educadores eram muito chatos e só sabiam falar mal dos alunos, por isso preferia passar o tempo conosco.
Era um homem de meia idade com os cabelos já brancos que sempre usava um paletó preto. Ele era legal, apesar de sua postura firme nas aulas, eu via o quanto gostava da profissão que exercia. Também tinha uma coleção descoladíssima de armaduras e armas romanas, portanto a matéria dele era minha favorita.
Eu esperava que nesse ano desse tudo certo, eu realmente estava empenhado em não arrumar mais confusões, mas nada nunca sai do jeito que esperamos.
Sr. Veríssimo saiu da mesa para ir ao banheiro e logo em seguida, que Gabriel Opspor, aquele mimado metido a detetive, e seu amiguinho Gustavo vieram nos atormentar, sendo mais específico, vieram atormentar a Agatha.
Ela sempre sofreu muito na mão desses dois, Arthur fez amizade com ela logo no primeiro dia de aula, não demorou muito até ela passar a andar conosco, afinal, os excluídos tem que se ajudar, certo?
- Eu vou matar esse moleque - Cesar sussurrou para mim.
- Cesar-Kun, se acalma, os professores já estão de olho em você, na próxima você vai direto para a detenção - disse eu.
Ele bufou, frustrado.
- É, não vale a pena, amigo - disse Arthur. - Vem, Agatha, vamos sair daqui.
A Volkomenn assentiu, ela parecia estar ao ponto de socar a cara de Gabriel, decidimos caminhar pelos corredores até podermos ir para a sala.
- Vocês já leram a última edição do Força G? - perguntou Arthur.
- Ainda não - respondi.
- Sim! - disse Cesar.
- Foi muito foda! - disse Agatha animada.
- Agatha-san, olha a língua! - a repreendi.
Agatha mostrou a língua e tentou realmente olhá-la, claramente me zuando
- Besta - disse eu tentando segurar o riso.
- Depois da aula, a gente lê junto - disse Cesar. - Eu já queria reler mesmo.
- E eu? - reclamou Agatha - Não posso entrar no dormitório masculino!
- Então eu pego o meu lá no quarto e a gente lê na troca de aula. - disse Arthur.
- Boa, Arthur-San! - disse eu.
- Ah, vocês querem ler com a gente... - Cesar falou em voz baixa.
- Você que deu a ideia, criatura - disse Arthur.
O cabeludo arregalou os olhos, acho que não queria que o escutássemos.
- Sim, é... eu não quis dizer... vamos ir pegar esse negócio logo antes que bata o sinal. A gente já volta, Agatha.
Ele saiu correndo, parecia envergonhado. Arthur e eu nos entreolhamos confusos e o seguimos, subindo para os dormitórios. Alcançamos Cesar na metade do caminho.
- Tá tudo bem, amigo? - perguntou Arthur preocupado.
- Eu tô ótimo - Cesar respondeu. - Vamos.
Não falamos muito mais até chegarmos no quarto que dividíamos. Demorou um pouco para achar a HQ, já que a parte de Arthur era a mais bagunçada, mas depois de alguns minutos procurando, a encontrarmos em baixo da guitarra do moreno.
- Achei que demorariam mais - Agatha estava parada nas escadas, nos esperando.
Sentamos no canto das escadas para ler. Cada um lia a fala de um personagem, era uma mania que tinhamos quando pequenos fazer essas "encenações" e naquele dia resolvemos voltar às origens, nesses momentos, não estávamos nem aí para os demais estudantes nós olhando como se fossemos loucos. Afinal, eles já achavam isso de qualquer forma.
Não demorou muito até o sinal tocar, a próxima aula seria com o sr. Veríssimo.
- Boa tarde, pessoal - cumprimentou Veríssimo. - Começaremos o capítulo quatro: Mitologia Grega. Abram na página dez.
Ele começou a nos explicar sobre os deuses antigos e suas histórias.
- Alguém saberia nos dizer o que a figura da página vinte e seis representa?
Dei uma olhada na imagem, de alguma forma a reconheci. Levantei minha mão.
- É Cronos comento os filhos - respondi.
Atrás de mim, Gabriel murmurou para Gustavo:
- Como se fôssemos usar isso para alguma coisa.
- E por que, Joui, isso importa na vida real? - Sr. Veríssimo me perguntou.
- Se fudeu - Cesar murmurou.
- Cala a boca - Gabriel resmungou.
Pensei na pergunta dele.
- Não sei.
- Entendo. Bom, meio ponto, Joui - sr. Veríssimo pareceu desapontado. - ele continuou a aula - Zeus, o deus dos trovões, deu a Cronos uma mistura de mostarda e vinho, o que o fez vomitar as outras cinco crianças, os deuses imortais que estavam vivendo e crescendo sem serem digeridos no estômago do titã. Os deuses derrotaram o pai deles, o cortaram em pedaços com sua própria foice e espalharam os restos do Tártaro, a parte mais escura do Mundo Inferior. E com esse alegre comentário, eu me despeço, até amanhã, primeiro ano. Não se esqueçam de fazer os exercícios da página 26.
A turma se retirou. Eu e meus amigos estávamos prestes a seguir para a próxima aula quando o sr. Veríssimo disse:
- Joui, Cesar, Arthur. Preciso falar com vocês.
Já sabia o que vinha a seguir.
- Vocês precisam aprender a responder minha pergunta - disse ele.
- Sobre como o que você nos ensina se aplica à vida real? - perguntei.
- Exato.
- E porque chamou nós três se só perguntou pro Joui? - questionou Cesar.
- Cesar-Kun! Isso é jeito de falar com o sr. Veríssimo? - disse envergonhado pelo comportamento dele.
- Ué, mas não é verdade?
- O que vocês aprendem comigo é de uma importância vital - Sr. Veríssimo o cortou. - Espero que trate o assunto como tal, Cesar, de vocês, aceitarei apenas o melhor.
Cesar parecia querer falar algo, mas aquele cara sempre tirava nossas palavras.
Quer dizer, era legal em dias de torneio, quando ele vestia uma armadura romana e nos desafiava a correr para a lousa e citar o nome de cada pessoa grega ou romana que já viveu e os deuses que cultuavam. Mas sr. Veríssimo esperava que nós fossemos tão bons quanto todos os outros mesmo que fossemos disléxicos com TDAH ( sim, nós três tínhamos essas características em comum). Ele esperava que fossemos os melhores.
Prometi a mim mesmo que iria me esforçar mais quando sr. Veríssimo nos dispensou.
Encontramos Agatha um pouco mais a frente, ela sempre nos esperava quando ficávamos mais tempo na sala.
- Eu nunca vou entender o porquê dele sempre querer que a gente tenha todas as respostas - disse Cesar.
-Acho que ele quer que a gente aprenda tanto quanto o resto da turma, sei lá - disse Arthur.
Enquanto subíamos as escadas para chegar na sala do professor de matemática, ouvi alguém atrás de mim.
- Sai da frente, japa.
Gabriel me empurrou para tentar passar. Se Arthur não tivesse me segurado, com certeza teria saído rolando escada a baixo.
- Ei, cuidado, você podia ter machucado o Joui! - disse Arthur. - Você tá bem?
- Sim, só foi um susto.
- Você tá doido, garoto? - disse Cesar irritado. - Ele podia ter se machucado sério!
Ele deu de ombros enquanto subia os degraus.
Antes que pudesse fazer qualquer coisa, o chão simplesmente começou a rachar em baixo de Gabriel, quando me dei conta, o garoto já havia caído e o chão havia desnivelado, o mais estranho é que ninguém pareceu notar a rachadura.
Não deu nem trinta segundos e o diretor Àlvaro, se materializou do nosso lado. Assim que pisamos na Nostradamus, ele decidiu que Gabriel era seu protegido e concluiu que eu, Arthur e Cesar éramos os próprios anti-cristo.
- Eles me empurraram! - mentiu Gabriel.
O diretor olhou para nós. Havia um fogo triunfante em seus olhos, como se tivéssemos feito algo pelo qual ele estivesse esperando o semestre inteiro:
- Joui, Arthur e Cesar, venham comigo - disse Álvaro.
- Espere! - Agatha, que já estava no segundo andar, desceu as escadas correndo. - Fui eu! Eu o empurrei!
- É nobre da sua parte tentar defender seus amigos sra. Volkomenn, mas eu já sei a verdade. Agora, vá para aula - Álvaro ordenou com um sorriso sínico.
- Tá tudo bem. Vai ser só uma detenção, estamos acostumados - disse Arthur, tentando tranquilizar a amiga.
- Mas...
- Vá para a aula, sra. Volkomenn - o diretor repetiu, a fuzilando com o olhar.
Agatha olhou para os lados e saiu correndo, entrando na esquina do corredor e desaparecendo da minha visão.
Chegando na sala do diretor, ele fez o mesmo discurso de sempre sobre causar problemas, nos fez pedir desculpas para Gabriel e prometer que melhoraríamos nosso comportamento, por fim, deu a punição.
- Até o final das aulas de hoje, vocês iram ficar na sala da professora Fátima, vão apagar as respostas dos livros de exercícios e fazer mais o que ela precisar para organizar a sala dela.
A professora Fátima Mare havia chegado para trabalhar na escola a pouco tempo, depois da nossa antiga professora de inglês ter tido um colapso nervoso e ter que se afastar, tinha certeza que ela só havia sido contratada por ser amiga do diretor. Para variar, ela também nos odiava, uma vez eu fui pegar uma borracha que havia derrubado no chão e ela brigou comigo por eu ter saído do meu lugar. Cesar era uma pessoa que não conseguia ficar calado quando alguém fazia algo injusto com seus amigos, então ele automaticamente virou o pior aluno do mundo segunda a professora, até o Arthur ela dava um jeito de transformar num demônio.
Agatha também não gostava nem um pouco da professora Fátima. Um dia, falei para ela que a professora Fátima só podia ser um monstro para tratar todos daquele jeito, ela me respondeu muito séria:
- Você está certíssimo.
Aguardamos até a professora vir nos levar para a sala de inglês "para ter certeza que vocês não irão tentar escapar da detenção".
- Vamos, crianças - disse a Sra. Mare com seu sorriso falso.
Olhei para trás para falar com a professora, mas não estava mais lá.
Estranhei mas resolvi não comentar. Meu TDAH faz com que eu me distraía muito facilmente em meus pensamentos, eu só não devia ter prestado atenção enquanto estávamos andando.
- Vamos acabar logo com isso - disse Cesar nos arrastando para fora da diretoria.
A professora Fátima estava nos esperando em frente a sua sala segurando a maçaneta da porta.
- Como ela chegou lá tão rápido? - perguntou Arthur.
- Ai, Tutu, eu já aprendi a nem questionar as coisas que acontecem com a gente - disse Cesar. - Depois que aquele homem de um olho só nos perseguindo dentro da escola, eu não duvido de mais nada.
- Nem me lembre daquilo - disse eu. - Ainda tenho pesadelos com aquele dia.
Quando voltei a olhar em frente, a professora não estava lá mais uma vez, a porta agora estava aberta, presumi que já havia entrado.
Engoli em seco. Senti um mal pressentimento terrível mas apertei o passo.
A não ser por nós, a sala estava vazia.
A professora Fátima estava de costas para nós em frente à lousa. Ela fazia um ruído estranho com a garganta como um rosnado. Cesar e eu nos entreolhamos assustados.
- Ei, vai ficar tudo bem, a gente já tá acostumado a levar bronca - disse Arthur.
Assenti positivamente com a cabeça. Mesmo sem o ruído, eu teria ficado nervoso do mesmo jeito, é esquisito estar sozinho com uma professora, ainda mais a Fátima.
- Vocês estão criando problemas, crianças - disse ela.
Fiz o que era seguro. Respondi que sim.
Ela se virou para nós.
- Vocês acharam mesmo que iam se safar dessa?
Ela é uma professora, pensei. Não é provável que ela vá nos machucar, não é?
- Nós... vamos nos esforçar mais, professora - Cesar olhava para o chão.
- Nós não somos bobos - disse a professora Fátima. - Seria apenas uma questão de tempo até que descobríssemos vocês. Confessem, e sentiram menos dor.
Eu não sabia do que ela estava falando e por suas expressões, meus amigos também não.
- E então? - a professora exigiu.
- Senhora, nós não...
- Tempo esgotado - ela me cortou.
Então algo estranho aconteceu. Os olhos dela começaram a brilhar como carvão. Os dedos se esticaram, transformando-se em garras. O casaco que usava se fundiu em grandes asas de couro. Ela não era humana e estava prestes a nos fazer em pedacinhos.
Então as coisas ficaram ainda mais esquisitas. Sr. Veríssimo apareceu na porta segurando uma espada, eu a reconheci das aulas em que ele levava artefatos históricos.
- Olá, meninos! - gritou ele, e lançou a espada pelo ar em minha direção.
A professora deu um bote para cima de nós.
Com um grito agudo, me esquivei, levando Arthur e Cesar junto comigo. Senti as garras cortando o ar ao lado do meu ouvido. De alguma forma, consegui agarrar a espada no ar.
A professora virou-se em nossa direção com uma expressão assassina nos olhos.
Meus joelhos ficaram bambos. As mãos tremiam tanto que quase deixei a espada cair.
Ela rosnou:
- Morram, crianças!
E voou para cima de nós.
Um terror absoluto percorreu meu corpo. Instintivamente, me coloquei na frente dos meus amigos e desferi um golpe com a espada sem ter a menor ideia do que estava fazendo.
A lâmina de metal atingiu o ombro dela e passou direto por seu corpo, como se fosse feita de água. Ela explodiu em uma espécie de areia amarela.
Arthur estava agachado com as mãos na cabeça.
- Ela foi embora? - perguntou ele.
Cesar estava de pé ao lado do moreno, ele estava tremendo completamente assustado.
- Sim... - a voz do cabeludo saiu trêmula.
Olhei para os lados, sr. Veríssimo não estava mais lá. Olhei para minhas mãos trêmulas, estava segurando uma caneta esferográfica.
Será que eu havia imagino tudo aquilo?
- Gente... a professora Fátima... ela... isso realmente... - gaguejou Arthur.
- Foi real - afirmou Cesar ainda em choque.
- Vamos sair daqui - coloquei a caneta no bolso do uniforme e sai correndo para fora da sala.
Arthur e Cesar me acompanharam. Nós voltamos para os dormitórios.
Acabei esbarrando em Gabriel sem querer. Ele bufou e disse:
- Espero que a professora Camila tenha expulsado vocês.
- Quem? - perguntei.
- Nossa professora de inglês, idiota.
Pisquei. Não tínhamos nenhuma professora chamada Camila. Perguntei de quem ele estava falando.
Ele simplesmente revirou os olhos e me deu as costas.
Continuamos nosso caminho e nos trancamos no nosso quarto.
- Porque... Porque esse tipo de coisa só acontece com a gente? - gaguejei.
- Eu só sei que estou de saco cheio disso tudo - Cesar levou as mãos até o rosto tentando se acalmar.
Sentei ao seu lado e passei meus braços em volta do seu corpo sem falar nada, pareceu o certo a se fazer. Sinalizei para Arthur se aproximar também, logo estávamos compartilhando um abraço. Precisávamos do apoio uns dos outros naquele momento, ninguém mais nos entendia além de nós mesmos e sabíamos que nunca acreditariam no que vimos.
- Aquilo não faz sentido... é impossível, mas aconteceu. Não foi alucinação, nem imaginação, foi real - afirmei.
- Nós vamos lidar com isso, como sempre fazemos - Arthur pareceu ter falado aquilo mais para si mesmo do que para nós - Somos os únicos que sabemos o que passamos.
Sorri já sabendo o que o moreno iria falar.
- É nós três pra sempre. - falamos todos juntos.
Mais tarde, no jantar, perguntamos a Agatha sobre a professora Fátima.
Ela desviou o olhar para o chão, demorou alguns segundos antes dela murmurar:
- Quem?
- Legal, muito engraçado, já pode parar com essa brincadeira de mal gosto! - disse Cesar. - Eu esperava isso do Gabriel ou do Gustavo, mas você?
Senti outra fisgada no estômago. Como ninguém se lembrava?
Um trovão alto estourou do lado de fora. Podia ver a chuva caindo pela janela do refeitório.
- E eu tô falando sério, não tem nenhuma professora com esse nome - disse Agatha.
Olhei para ela incrédulo.
- Eu tenho que ir, esqueci meus livros na biblioteca - Agatha disse e saiu praticamente correndo.
Agatha passava muito tempo na biblioteca, tanto que fez amizade com Cibele, a bibliotecária, mas nesse horário o local já deveria estar fechado.
- A Agatha ainda se lembra - concluí.
- É, ela definitivamente está escondendo algo - Arthur concordou.
- O que vamos fazer agora? - Cesar perguntou. - Isso não pode ficar assim!
- Eu não sei, acho melhor deixar isso pra lá por hoje, amanhã vemos o que iremos fazer com mais calma - disse eu.
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Oi pessoal, espero que tenham gostado do capítulo. A história será bem longa e vou tentar me distanciar ao máximo da história original de Percy Jackson. Ainda estou desenvolvendo minha escrita então pode ser que você vejam falas e acontecimentos semelhantes a obra original.
Me desculpem por qualquer erro de ortografia.

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