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Nesse capítulo, vocês vão ver um pouco mais da infância da Dulce.❤️

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Dulce

Eu e Annie nos encontramos no estacionamento do shopping e já partimos para as nossas compras. Foi um dia agradável e divertido, onde nós escolhemos tudo juntas, sempre dando palpites uma para a outra e eu até irritei ela às vezes com a minha sinceridade. O que ela queria? Que eu deixasse ela andar feia na rua?

Estávamos numa loja de roupas de banho olhando alguns biquínis e quando Annie foi até o provador, eu fiquei olhando os modelos. De longe, avistei uma garota que aparentava ter seus quinze anos, olhando de forma ansiosa para um biquíni preto de veludo. Seus olhos mostravam desejo e tristeza.

— Tudo bem? — perguntei me aproximando dela.

— Sim. — sorriu instantaneamente.

— Esse biquíni é lindo. — apontei para o mesmo. — Vai ficar muito bom em você.

— Sério? — ela olhou para baixo, mais precisamente para a sua barriga, que ela tentava esconder com o moletom. — A minha mãe diz que eu sou gorda demais e deveria fazer uma dieta, ou usar roupas que não mostrem o corpo.

— O que? — fiquei levemente boquiaberta. Isso despertou um gatilho em mim e sensações do meu passado se fizeram presentes. — Sua mãe fala isso sobre o seu corpo?

— É... — desviou o olhar constrangida.

Eu a olhei de cima a baixo. Ela não era magrinha, na verdade, tinha um bom volume no corpo, mas isso não a impedia de ser linda. As bochechinhas redondas a deixavam muito fofa, como uma boneca. Era triste ver que ela não se via assim.

— Você é linda, pode usar a roupa que quiser.

— Você é modelo, não é? Te reconheço das revistas. — me olhou curiosa. — Que tipo de dieta você faz?

— Eu... — não sabia bem como responder aquilo. — Não posso te dar dicas de dieta, querida. Não sou médica e você é só uma adolescente, não precisa se preocupar com o corpo.

— Mas você gosta de ser magra, não gosta?

— Eu sou modelo, isso não é uma escolha. — fiquei séria.

— Deve ser legal ser modelo. — seu rosto se entristeceu ainda mais.

— Existem diversas áreas nesse ramo hoje em dia e vários padrões estão sendo desconstruídos. Dependendo de onde você queira trabalhar, não precisa ser super magra ou se encaixar num padrão impossível para o seu corpo. A beleza é relativa e a moda começou a entender isso. Eu tenho que ser um pouco mais magra porque o lugar onde eu trabalho ainda exige isso.

— E tudo bem pra você? — "não", pensei.

— Sim. — sorri. — Eu estou bem. — peguei o cabide com o biquíni que ela olhava e entreguei para ela. — Experimenta. Aposto que vai gostar. Você é linda e não se sinta menos do que perfeita. — acariciei seu rostinho e ela corou enquanto sorria.

— Obrigada.

A garota se afastou até o provador bem mais animada do que quando a encontrei. Suspirei satisfeita e ao mesmo tempo, fiquei preocupada com o que ela poderia passar em casa.

Eu não gostava muito de lembrar de certas coisas da minha vida, mas conversando com essa garota foi impossível não recordar o modo como a minha mãe me tratava. Blanca era modelo, assim como sou agora. Teve que abandonar sua carreira depois de engravidar e ser deixada sozinha. Ela nunca me disse quem era meu pai e eu não ousei perguntar mais de uma vez, já que recebi uma bela surra por minha curiosidade.

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