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Dulce

No segundo dia, trabalhamos mais do que no primeiro e eu mal peguei em meu celular, portanto, não tive a chance de saber como Christopher estava. Talvez ele também estivesse ocupado demais, porque quando eu consegui mexer no celular no fim do dia, não havia sequer uma mensagem ou chamada perdida.

Jantei sozinha naquela noite e no dia seguinte, acordei bem cedo pela manhã e resolvi fazer uma corrida depois de um café da manhã leve. Eu não estava seguindo nenhuma dieta, mas me concentrava em comer coisas saudáveis e pouco calóricas. Assim que eu conseguisse fazer alguns exames e uma consulta com um nutricionista, eu teria uma dieta regrada e boa para mim.

Haviam poucas pessoas na rua, o sol ainda estava terminando de nascer e o ar estava um pouco úmido, ainda com vestígios da neblina da noite anterior. E como estava frio, eu corri por pouco tempo e em pouco mais de uma hora voltei para o meu apartamento.

Entrei em casa com a cabeça baixa, ainda com uma música alta tocando em meus fones de ouvido e assim que ergui a cabeça, assustei-me ao ver Christopher sentado em meu sofá. Dei um pulo para trás com a mão sobre o peito e depois ri de mim mesma por aquela reação.

— Você quer me matar? O que faz aqui tão cedo? — eu sorri e fui até ele. Christopher ficou de pé e nós nos abraçamos.

— Desculpe, eu fico muito ocupado pelo resto do dia, então só teria tempo de conversar com você agora. — nós nos afastamos e sentamos no sofá.

— E o que é tão importante que você não pode me dizer por ligação? — estranhei.

— Por que não fez o teste para as Angels?

— O que? Isso? Ora essa, eu não fiz o teste porque não quero mais. — dei de ombros.

— Você quer isso desde que nos conhecemos e sei que até antes disso. Mudou de ideia em questão de dias? Isso não faz sentido.

— Christopher... — segurei as mãos dele. — Eu não sei o que você quer ouvir.

— A verdade. Eu sei que tem algo errado e estou preocupado. É algo com o seu corpo? Você não se sente bem com ele? Comeu hoje? — eu podia identificar o desespero em sua voz.

— Está tudo bem comigo. Eu escolhi não fazer parte das Angels e não me arrependo disso.

— Eu não entendo. Algo não está se encaixando.

— Você tem dormido bem naquele hotel? — franzi a testa. — Olha, talvez você pense que eu não consiga me virar sozinha, mas eu não preciso de uma babá. Sou adulta e você não tem que tentar criar coisas na sua cabeça só pra vir aqui me ver. Você pode me ver sempre. Aliás, ir para o hotel foi uma escolha sua, você poderia ter ficado.

— Você está destorcendo as coisas.

— Acho que quem está destorcendo as coisas é você. — larguei as mãos dele e fiquei de pé. — Eu disse pra você que iria me cuidar e estou fazendo isso. Você pode por favor confiar em mim? — ele ficou em silêncio por um tempo, mas logo assentiu positivamente. — Obrigada.

— Você tomou café da manhã?

— Christopher...

— Não estou te repreendendo, só pensei que poderíamos fazer isso juntos.

— Eu comi antes de sair para correr, mas você pode comer se quiser.

— Não, não se preocupe. — ficou de pé e olhou seu relógio de pulso. — Ainda consigo comer o café do hotel. — suspirou. — Sabe que pode me contar tudo, não sabe?

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