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Christopher

Cantamos o caminho inteiro até chegarmos à fazenda. Uma chuva forte começou quando ainda estávamos na metade da estrada e perdurou até depois de eu estacionar em frente à propriedade Uckermann.

Eu e Dulce saímos do carro e corremos até a varanda, ensopando-nos consideravelmente. Batemos na porta apressados, ambos tremendo de frio.

— PRIMO! — Katy gritou ao abrir.

— Oi, meu amor! Eu até te abraçaria, mas fomos pegos pela chuva.

— Deixe disso, eu estava mesmo indo pular nas poças de lama. — e foi aí que eu percebi que ela calçava suas galochas. — Vocês querem vir?

— E se ficarmos resfriados? — Dulce perguntou.

— A moça da cidade tem medo da chuva? — Katy deu risada.

— Ei, mocinha! — Dulce reclamou, mas achou graça.

— Temos galochas no armário da sala, vamos, calcem! — Katy pegou em nossas mãos e nos puxou para dentro, em direção ao armário.

Eu abri, peguei dois pares de galocha e entreguei um para a Dulce, que me olhou com a sobrancelha arqueada, como se esperasse que eu dissesse que estava fazendo uma piada.

— Não vai querer estragar seus sapatos caros. — expliquei.

— Você quer mesmo que eu vá pular em poças de lama? Que graça isso tem?

— Só vai descobrir quando fizer. — sacudi as galochas de frente para ela, insistindo que as pegasse.

— Eu devo estar ficando louca. — ela riu, começando a retirar os seus sapatos.

Depois de nos calçar devidamente, corremos até o lado de fora. Dulce se encolheu um pouco enquanto a chuva a molhava, então eu segurei seus braços e a puxei para onde havia mais lama. Ela deu um grito quando Katy pulou numa das poças e sujou nós três.

— Isso foi uma péssima ideia! — ela ia dar meia volta, mas eu pulei numa poça na frente dela, a sujando ainda mais. — Christopher! — ela pulou também para me sujar.

— Que fraca! — chutei a lama nela.

— Seu filho da... — calou-se ao lembrar que Katy estava perto de nós ouvindo tudo. — Vou te mostrar a fraca.

Começamos uma verdadeira guerra de lama, onde nós três chutávamos as poças, corríamos e pulávamos pela fazenda. Dulce ria como uma criança feliz e eu não me cansava de olhar para ela e ouvir a sua risada.

Em um momento, ela tentou correr mais uma vez, mas escorregou e caiu sentada, sujando as poucas partes de suas roupas que ainda estavam limpas. Eu e Katy não paramos de rir e depois de alguns segundos, Dulce desamarrou sua cara de brava e riu também.

A chuva foi diminuindo e quando já estávamos ofegantes, decidimos entrar em casa e nos limparmos.

— Ah céus! — minha mãe riu quando abrimos a porta. — Fiquem onde estão, pelo amor do meu piso! Eu vou pegar alguns panos para vocês pisarem.

Ficamos na porta aguardando até que dona Alexandra voltou e nos entregou os panos, colocou outros no chão e mandou que deixássemos as galochas sujas na varanda.

— Vejo que foram muito bem recebidos. — minha avó surgiu da cozinha e nos analisou enquanto ria.

— As melhores boas vindas possíveis. — falei bagunçando os cabelos de Katy.

— Devem estar famintos. Tomem um banho e depois venham comer o ensopado quentinho que eu fiz. — vovó sorriu, salientando duas maçãs do rosto.

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