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Dulce

Era o primeiro dia em que deixaria Christian sozinho. Seria apenas por uma tarde, eu precisava ir até uma reunião de última hora na agência. Ele me jurou que saberia se virar com a muleta e prometeu não fazer nada complicado sozinho.

Entrei no prédio indo direto para o escritório de Alfonso, onde ele me banhou com uma proposta grandiosa em Washington. Aquela campanha sobre aceitação fez os meus olhos brilharem e poder estar por trás dela seria um sonho.

— Quatro meses... — murmurei lendo as palavras do contrato. — Muito tempo, não?

— Você pode vir visitar os amigos nas folgas a cada duas semanas.

— Claro, ótimo. — sorri fraco.

— Só vai precisar ir mês que vem, isso é tempo o suficiente para resolver o que precisa. — eu sabia do que ele estava falando. — Além disso, essa campanha vai mostrar ao mundo que você não é a megera que tanto dizem. Quer mudar a sua imagem? Quer que as pessoas parem de dizer que você é fútil e julgadora? Essa é a hora de fazer isso.

— Eu aceito. — fui direta. — Isso vai me ajudar a crescer.

— Com toda certeza. — me ofereceu uma caneta para assinar o contrato. Eu segurei a caneta e assinei rapidamente. — Boa sorte, Dulce.

— Obrigada. — sorri.

Saí do escritório levando uma cópia do meu contrato comigo. Comecei a relê-lo pelos corredores enquanto caminhava. Era uma proposta muito boa, eu receberia muito bem e aquilo teria proporções mundiais caso alcançasse o sucesso esperado. Seria tudo para o meu bolso e para a minha imagem. Mas muito mais do que isso, seria bom para a minha nova formação de caráter.

Eu estaria em contato com pessoas que eram ativistas nas questões de padrões de beleza e aceitação. Ainda estava aprendendo a me desconstruir e estar em meio a tudo isso me ajudaria a evoluir ainda mais, quebrar conceitos e ter uma visão mais sensível sobre o mundo.

Perdida em meus pensamentos, eu acabei esbarrando em alguém que saía do estúdio. Derrubei a folha do contrato no chão e antes que eu pensasse em pegar, o homem, vulgo Christopher, já estava lendo.

— Você assinou. — ele disse, a voz um pouco desapontada. — São quatro meses, Dulce.

— Não vou ficar presa em Washington. — peguei o contrato de volta. — Voltarei durante as folgas.

— Tomou uma decisão sobre nós? — chegou mais perto, encarando-me.

— Sim.

— E então? — engoliu em seco.

— Nós precisamos ficar um tempo longe um do outro e esse novo projeto veio a calhar.

— Ficar longe? — pareceu preocupado.

— Está muito dependente de mim, Christopher. E eu... bem, eu não sei lidar com relacionamentos e preciso aprender isso. Quero me reconectar comigo antes de me conectar a alguém.

— Apenas não deixe de me dar notícias.

— Não vou. — toquei seu rosto com uma das mãos. — Também quero saber o que irá aprontar sem mim. — sorrimos.

— Só é divertido fazer coisas erradas com você. — eu o abracei e ele devolveu o abraço com vontade.

— Me desculpe não poder decidir confiar em você agora.

— Sei que vai escolher o lado certo da história.

— Espero que sim. — nos afastamos. — Tenho que começar a me organizar para o próximo mês.

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