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Christopher

Depois do meu primeiro turno de trabalho, eu marquei de almoçar com Christian, o primo de Dulce. Ele levou o seu currículo e me mostrou um pouco do seu trabalho e conhecimento como fotógrafo. Ele era muito talentoso e eu elogiei as suas fotos, dando apenas alguns toques construtivos.

— Nós estamos exigindo mais dos assistentes agora, então você não vai só arrumar o meu equipamento e fazer a minha agenda. — eu disse. — Vai me ajudar com as fotos e as edições delas.

— Sério? — ficou surpreso. — Isso é o máximo! É muito mais do que eu achei que poderia fazer.

— Sendo assim, seja bem-vindo. — estendi minha mão para ele, que apertou com firmeza, mantendo um grande sorriso.

Finalizamos oficialmente a entrevista de emprego e tudo o que ele precisava saber sobre os horários de funcionamento do nosso trabalho. Depois disso, começamos uma conversa mais informal.

— Dulce adorou te conhecer e agora vejo o porquê. — comentei.

— Eu gosto de bancar o engraçadinho e isso chama atenção. — riu. — Eu também adorei a minha prima, ela parece uma mulher difícil, mas muito forte.

— Ôh se é! — suspirei. — Ela já passou por muitas coisas.

— A família não foi fácil pra ela, não é? — ficou sério. — Eu sei que acabei de chegar, mas eu gostaria de saber onde estou me metendo. Você sabe algo sobre como a Dulce cresceu?

— Se ela não falou disso com você, eu não sei se devo. — desviei o olhar.

— Por favor, eu prometo não comentar nada disso com ela. Só quero saber mais sobre essa parte da minha família.

— Bem... — respirei fundo. — Ok. — Christian se ajeitou na cadeira e me olhou com atenção. — A Dulce apanhou muito na infância e na adolescência continuou sofrendo agressões verbais. Todos da família faziam essas coisas bom ela.

— Todos? — seu olhar se entristeceu. — Até o meu pai?

— Sim.

— Ah, meu Deus... — olhou o chão com uma expressão desolada.

— Ela saiu de casa muito jovem. Já não aguentava mais as violências e os insultos. Ela era insultada principalmente por ser gorda e isso a traumatizou muito.

— Caramba... isso é... eu nem consigo formular uma frase que descreva como isso me faz sentir. — Christian parecia decepcionado. — Eu acreditei que a minha tia e a minha avó eram boas pessoas e elas sempre me contaram boas histórias sobre o meu pai... era tudo falso...

— Eu não posso te dizer mais nada porque ela se limitou a me dar apenas essas informações. Não sei detalhes nem nada, entende?

— Sim, sim.

— O que vai fazer com o que sabe?

— Acho que eu deveria me aproximar mais da Dulce. Ainda não arranjei uma moradia fixa na cidade, mas pretendo achar um lugar no mesmo bairro em que vocês moram.

— Meu apartamento é enorme, você pode dividir comigo.

— Sério? Isso seria perfeito!

Conversamos mais um pouco e depois eu voltei para o trabalho no período da tarde. Alfonso acabou me designando para um trabalho de um dia fora da cidade e eu deveria ser muito louco por aceitar em cima da hora, mas prometi pegar estrada no dia seguinte.

Antes de chegar em casa, Dulce me mandou uma mensagem convidando-me para jantar com ela. Tratei de ficar bem perfumado e depois de me arrumar, eu fui até o seu apartamento.

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