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33

Christopher

Um dia inteiro se passou e a única interação de Dulce comigo foi uma rápida troca de mensagens que nada teve a ver com nós dois.

"Boa noite, desculpe incomodar, mas você poderia ficar com o Christian por algumas horas? Ele já jantou, você só precisa levá-lo ao banheiro ou coçar as suas costas caso ele precise."

"Sim, claro. Você vai sair?" — será que ela iria voltar para sua vida de farra?

"Não vou demorar." — se não iria demorar, então não iria farrar.

"Tudo bem. Posso fazer isso."

"Obrigada. Venha daqui a uma hora."

Toquei a campainha do apartamento e ouvi Christian gritar um "entre". Ele estava sentado na poltrona assistindo a alguma série. Parecia estar sozinho.

— Dulce já saiu? — olhei em volta.

— Faz uns vinte minutos. Sente-se. — sentei no sofá e me acomodei.

— Como se sente hoje?

— Você tinha razão, estou me acostumando, mas ainda é um pouco chato.

— Imagino.

— Não poder se mexer é um saco! — bufou. Eu apenas assenti com a cabeça. — Se eu te perguntar uma coisa você vai se chatear?

— Acho que não.

— Corneou a minha prima? — arqueou a sobrancelha.

— Você nunca consegue ser cuidadoso com as perguntas, não é? — eu ri.

— É o meu jeitinho. — sorriu.

— Não, eu não "corneei" a Dulce. Amanda me pegou de surpresa.

— Cara, não parecia.

— Eu sei, sei que não parecia. Aquelas fotos foram tiradas num momento bem específico só para parecer que eu queria. Parece até que foram tiradas por um pro... fissional... — analisei essa ideia por um instante.

— O que foi?

— Eu acho que fui burro em dobro nessa história! — estapeei minha própria testa. — Não foi o Thomas que tirou aquelas fotos, foi algum fotógrafo!

— Bom, talvez ele tenha pagado alguém para fazer isso.

— Ele maquinaria um plano desses só pra inflar seu minúsculo ego? Não sei, não parece que ele teria motivos o suficiente.

— Que fotógrafo adoraria ferrar o seu relacionamento?

— Talvez alguém que tenha se prejudicado com isso. — nós dois ficamos em silêncio, Christian me olhava como se esperasse que eu raciocinasse. — Não, ela não faria isso...

— Ela quem?

— Eu tinha uma assistente antes de você. O nome dela é Carla e ela se demitiu e foi começar a carreira com a fotografia de forma definitiva.

— Por que ela teria interesse em te ferrar?

— Porque ela gostava de mim. Eu transei com ela e logo depois fiquei com a Dulce.

— Você foi levemente babaca.

— Eu sei, mas ela parecia bem. Sei lá, não deu a entender que estava puta comigo nem nada do tipo. Eu acreditei que ela seguiria em frente e tentaria me esquecer.

— Ou ela fez você acreditar nisso. — constatou.

— Não, eu não a vi naquele estúdio. — sacudi minha cabeça. — Talvez eu só esteja criando mil teorias porque não sei o que fazer em relação à Dulce.