Seis

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O Trio da Casa Branca é o apelido oficial entre mim,Ondreaz e Addi cunhado pela People pouco antes da posse.

Na verdade, o termo foi cuidadosamente testado com grupos focais pela assessoria de imprensa da Casa Branca e passado diretamente para a People. Política calculismo até nas hashtags.

Antes dos Lopezs, os Kennedy e os Clinton protegiam a primeira-prole da imprensa,
dando-lhes privacidade para passar por fases difíceis, experiências orgânicas da infância e tudo mais.

Sasha e Malia Obama foram perseguidas e comidas vivas pela imprensa antes mesmo de saírem do ensino médio.

O Trio da Casa Branca quis ficar à frente da narrativa antes que qualquer um pudesse controlá-la.

Era um plano novo e ousado: três jovens bonitos, inteligentes, carismáticos e vendáveis da geração dos millennials — tecnicamente,

Eu e Ondreaz nascemos um pouco depois do início da Geração Z, mas a imprensa acha que esse termo não pegaria.

Pegar vende, descolado vende.

Obama era descolado.

A primeira-família inteira também podia ser; um tipo próprio de celebridade. Não é o ideal, minha mãe sempre diz, mas funciona.

Somos o Trio da Casa Branca, mas aqui, na sala de música do terceiro andar da Residência,somos apenas Tony,Ondreaz e Addison naturalmente grudados uns nos outros desde que eram adolescentes se enchendo de café expresso até prejudicar a saúde na época de provas.

Eu impulsiono.Ondreaz nos equilibra.Addi os faz serem honestos.

Nos acomodamos em nossos lugares de sempre: Addi,acocorada sobre os saltos diante da coleção de discos, procurando algum da Patsy Cline

Ondreaz, de pernas cruzadas no chão, abrindo uma garrafa de vinho tinto

E eu sentado de cabeça para baixo com os pés em cima do encosto do sofá, tentando descobrir o que fazer.

Viro a ficha que foi entregue a mim sobre o príncipe Nick e estreito os olhos.

Consigo sentir o sangue correndo para a cabeça.

Ondreaz e Addi me ignoram,fechados em uma bolha de intimidade que ele nunca consegue penetrar direito.

— Não acredito que tenho que aprender essa porcaria — Eu digo — Minha semana de
provas mal acabou.

— Olha, é você quem quer brigar com tudo quanto é ser vivo — Addi diz, limpando a boca com o dorso da mão, um gesto que só faria na nossa frente. — Incluindo a monarquia
britânica. Então não sinto tanta pena de você. Enfim, ele foi supersimpático quando a gente
dançou. Não entendo essa sua raiva.

— Acho incrível — Ondreaz diz. — Inimigos mortais obrigados a fazer as pazes para resolver tensões entre seus países? Tem um quê shakespeariano nessa história.

— Se é shakespeariano, tomara que eu morra esfaqueado — Eu respondo — Essa ficha diz que a comida preferida dele é tortinha de frutas.Não consigo pensar em nenhuma comida mais sem graça. Ele é, tipo, uma pessoa feita de papelão.

A ficha é cheia de coisas que eu já sabia, seja porque os irmãos reais dominam os
noticiários ou por ter lido a página de Nick na Wikipédia com ódio no coração.

Ele sabe sobre os pais de Nick, seu irmão mais velho,Ryland,que ele estudou literatura inglesa em Oxford e toca piano clássico.

O resto é tão insignificante que ele não imagina que possa aparecer em uma entrevista, mas, de qualquer maneira, não vai correr o risco de estar menos preparado do
que Nick

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