Dezesseis

489 57 35
                                    

Procuro nos banheiros, no bufê, nos cantos sossegados do salão de festas, mas ele não está em lugar nenhum.

Tento perguntar para Chase, gritando o nome de Nick para ele, mas Chase apenas sorri, dá de ombros e rouba um boné de um cara que passa.

Eu fico… Preocupado não é exatamente a palavra. Incomodado. Curioso.

Eu estava se divertindo em ver como tudo que ele fazia se refletia no rosto de Nick

Continuo procurando, até tropeçar no próprio pé perto de uma das janelas grandes do corredor.

Enquanto estou levantando,olho para o jardim do lado de fora.

Lá, embaixo de uma árvore na neve, soprando pequenas nuvens de vapor, está um vulto alto e magro de ombros largos que só pode ser Nick

Saio para o pórtico sem pensar duas vezes e, no instante em que a porta se fecha atrás de mim, a música é abafada e o silêncio cai, e sobram apenas eu,Nick e o jardim.

Estou com a visão turva e afunilada de uma pessoa bêbada quando fixa os olhos em um objetivo.

Sigo escada abaixo até o gramado coberto de neve.

Nick está em silêncio, as mãos nos bolsos, contemplando o céu, e ele até pareceria sóbrio seão estivesse cambaleando de leve para a esquerda.

Maldita dignidade britânica, mesmo diante do champanhe.

Quero enfiar a cara do caçula real em um arbusto.

Tropeço num banco, e o barulho chama a atenção de Nick.

Quando ele se vira, o luar cai sobre ele, e seu rosto parece suavizado pelas sombras, convidativo de uma maneira que eu não
consigo entender direito.

— Está fazendo o que aqui fora? —Pergunto, levantando e indo até o lado dele embaixo
da árvore.

Nick estreita os olhos.De perto, seus olhos ficam um pouco vesgos, focados em um ponto entre ele e o meu nariz.

Nem tanta dignidade assim.

— Procurando Órion — Nick diz.

Solto um riso bufado, erguendo os olhos para o céu.

Nada além de nuvens de inverno.

— Você deve estar muito entediado com os plebeus para sair aqui e ficar olhando as nuvens.

— Não estou entediado — Nick murmura. — O que você está fazendo aqui fora? O menino
de ouro dos Estados Unidos não tem multidões para seduzir?

— Falou a porra do Príncipe Encantado -respondo,sorrindo.

Henry volta o rosto para as nuvens, a expressão nada principesca.

— Longe disso.

Seus dedos encostam no dorso da minha mão ao lado do nossos corpos, um pequeno raio de
calor na noite fria.

Observo o rosto dele de perfil, piscando para a bebedeira passar,seguindo a linha suave de seu nariz e a curva leve no centro de seu lábio inferior, tudo tocado pelo luar.

Está congelando e eu estou usando apenas um paletó, mas meu peito está aquecido por
dentro pela bebida e por algo inebriante em que seu cérebro tropeça, sem conseguir nomear.

O jardim está silencioso exceto pelo sangue correndo em seus ouvidos.

-Mas você não respondeu a minha pergunta-comento

Nick suspira, passando a mão na cara.

— Você não deixa nada passar, não é? — Ele inclina a cabeça para trás, batendo-a de leve
contra o tronco da árvore. — Às vezes fica um pouco… demais.

Na realezaOnde histórias criam vida. Descubra agora