Vinte e dois

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-Você vai fazer o quê?

É antes do que eu esperava — apenas duas semanas desde o jantar de Estado, duas semanas desejando Nick de volta aos braços dele o quanto antes e dizendo tudo menos isso em suas mensagens.

Ondreaz fica olhando para mim como se fosse jogar o celular dele no rio Potomac.

— Uma partida de polo para caridade apenas para convidados no fim de semana — Nick diz
pelo celular. — É em… — Ele faz uma pausa, provavelmente para confirmar o itinerário que
Shaan deve ter dado a ele. — Greenwich, Connecticut? São 10 mil dólares a entrada, mas consigo te colocar na lista.

Quase derrubo o café perto da entrada sul. Amy olha feio para mim

— Puta que pariu. Isso é ridículo, vocês estão arrecadando dinheiro pra quê, monóculos para
bebês? — Cobru o fone com a mão. — Cadê a Zahra? Preciso liberar a minha agenda para
este fim de semana. — Volto  ao celular. — Olha, posso tentar ir, mas estou muito ocupado.

                                 ᴥ︎︎︎
— Peraí, a Zahra disse que você vai faltar ao evento beneficente desse fim de semana porque vai a uma partida de polo em Connecticut? — pergunta Ondreaz à noite, da porta do quarto, quase me fazendo derrubar outro café.

— Olha só — Eu digo—, estou tentando manter uma farsa de relações públicas geopolíticas
aqui.

— Cara, as pessoas estão escrevendo fanfics sobre vocês dois…

— É, a Addison me mandou.

— … acho que você pode dar um tempo.

— A coroa quer que eu esteja lá! — Minto rápido.

Ele não parece convencido e sai com
um olhar de despedida que talvez me deixaria preocupado se ele se importasse mais com coisas que não são a boca de Nick agora.

É assim que eu fui parar no Greenwich Polo Club em um sábado, vestindo as suas melhores roupas da J.Crew, sem fazer a menor ideia de onde fui me meter.

A mulher na frente dele está
usando um chapéu decorado com um pombo empalhado.

Jogar lacrosse na escola não me preparou
para esse tipo de evento esportivo.

Nick montado em um cavalo não é nenhuma novidade.

Ele está com o equipamento completo
de polo — o capacete, as mangas da camisa apertando bem a protuberância de seu bíceps, a barra da calça branca justa enfiada em botas altas de couro, a joelheira de fivelas intricadas, as luvas de couro não é nada fora do habitual.

Eu já vi isso antes.

Categoricamente, deveria ser entediante.

Não deveria provocar nenhum tipo de ímpeto carnal ou visceral de arrancar aquela roupa.

Mas Nick impulsiona o cavalo pelo campo com a força das coxas, sua bunda balança com potência na sela, os músculos de seus braços se alongam e se flexionam quando ele balança, com a aparência que ele tem e as roupas que está vestindo — é demais.

Estou suando.

É fevereiro em Connecticut, e eu estou suando sob o casaco.

O pior de tudo: Nick é bom.

Finjo não me importar com as regras do jogo, mas competência sempre me excitou.

É fácil demais olhar para as botas de Nick enfiadas nos estribos para se apoiar e lembrar de suas panturrilhas nuas, os pés descalços plantados com a mesma firmeza no colchão.

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