Na realeza

Vinte e sete

Começa com um evento beneficente, um terno de seda e um cheque de respeito, uma bela
festa de gala.

Começa, como sempre, com uma mensagem:

Evento beneficente em Los Angeles no fim de semana. Pez diz que vai comprar quimonos bordados combinando para todos nós. Coloco você + 2 na lista?

Almoço com meu pai, que muda descaradamente de assunto toda vez que eu comento sobre Thomas e, depois, vou para o baile de gala, onde é apresentado a Dixie pela primeira vez.

Ela é muito mais baixa do que Nick, mais até do que Ondreaz, com a língua afiada de Nick mas o cabelo preto e o rosto triangular da mãe.

Ela está usando uma jaqueta de couro sobre o vestido de gala e tem uma leve postura, que vejo em sua própria mãe, de ex-fumante
inveterada.

Ela abre um sorriso grande e travesso para mim, e eu me identifico com ela
imediatamente: outra jovem rebelde.

São muitas taças de champanhe, apertos de mão e um discurso de Chase, encantador como sempre, e, assim que acaba, nossas equipes de segurança se reúnem na saída e eles vão embora.

Como prometido,Chase deixou seis quimonos de seda combinando à espera na limusine, cada um com um bordado diferente nas costas com uma brincadeira de um nome de filme.

O meu é um verde-água claro e diz PUTO DAMERON.

O verde-limão de Nick diz PRINCESO PROMETIDO.

Vamos parar em algum lugar de West Hollywood, em um caraoquê reluzente que, por algum motivo, Chase conhece, com tantas luzes de néon que parece natural, embora Cash e o restante da equipe de segurança tenham passado a última hora e meia verificando o local e alertando para aspessoas não tirarem fotos.

A pessoa que trabalha no bar usa um batom rosa e tem a barba rala visível apesar do reboco de maquiagem, e logo pedimos cinco doses e uma soda com limão.

— Ai, caramba — Nick diz, olhando seu copo vazio. — O que tinha nisso? Vodca?

— Isso — Ondreaz confirma, ao que Chase e Dix desatam a rir.

— Que foi? —Eu digo

— Ah, eu não tomo vodca desde a universidade — Nick diz. — Costuma me deixar, é…Bom…

— Extravagante? — Chase propõe. — Desinibido? Tarado?

— Divertido? — Dixie sugere.

— Como é? Eu sou muito divertido o tempo todo! Eu sou uma graça!

— Oi, com licença, pode mandar outra rodada, por favor? — Peço para o bar.

Dixie grita,Nick ri e aponta o dedo para mim, e tudo fica turvo e quente como adoro.

Todos sentamos trôpegos em uma mesa redonda, as luzes estão baixas, e eu e Nick estamos mantendo uma distância segura, mas eu não consigo deixar de olhar para os raios de efeitos especiais refletidos nas maçãs do rosto dele, cobrindo seu rosto com tons de azul e verde.

Ele é de outro mundo — meio bêbado e sorridente usando um terno de dois mil dólares e um quimono, e eu não consigo tirar os olhos dele.
Então peço uma cerveja.

Depois que as coisas começam a fluir, é impossível saber como Dixie é a primeira a ser
convencida a subir ao palco, mas ela tira uma coroa de plástico do baú de adereços e arrasa em uma versão de “Call Me” do Blondie.

Todos assobiamos e gritamos e o público do bar finalmente se dá conta de que tem dois membros da família real, um filantropo milionário e o Trio da Casa Branca ao redor de uma mesa ensebada usando um arco-íris de seda vívida.