Quarenta

228 27 11
                                    

Capitulo narrado em terceira pessoa

— É loucura,Nick— Philip está dizendo.
— Você é jovem demais para entender.

Os ouvidos de Tony estão zumbindo.

Eles sentaram à cozinha de Nick de manhã diante de biscoitos e um bilhete de Ryland e de Dixie que dizia terem saído para encontrar Catherine.

De repente, Philip entrou com tudo pela porta,o terno desalinhado,o cabelo desgrenhado,gritando com Nick sobre a audácia de violar o embargo de comunicações, de trazer Tony para cá enquanto o palácio estava sendo vigiado, de não parar de envergonhar a família.

Agora,Tony está pensando em quebrar o nariz dele com a cafeteira.

— Eu tenho vinte e um anos, Philip — Nick diz, claramente se esforçando para manter a voz firme. — A mamãe não tinha muito mais quando conheceu o papai.

— É, e você acha que essa foi uma decisão madura? — Philip diz com maldade. — Casar com um homem que passou metade da nossa infância fazendo filmes, que nunca serviu ao país, que ficou doente e nos abandonou e a mãe…

— Não começa, Philip — Nick diz. — Juro por Deus. Só porque ele não ficava
impressionado com sua obsessão pelo legado da família…

— Você claramente não entende porra nenhuma do que significa legado se pôde deixar isso acontecer — Philip vocifera. — A única coisa a fazer agora é abafar esse caso e torcer para que o povo acredite que nada disso foi verdade. Esse é o seu dever, Nick. É o mínimo que você pode
fazer.

— Sinto muito — Henry diz, a voz angustiada, mas há uma rebeldia amargurada surgindo nele também. — Sinto muito por ser uma desgraça para a família.

— Eu não dou a mínima se você for gay — Philip diz, soltando a palavra “se” como se Nick não tivesse especificamente contado para ele. — Me importo que você tenha feito essa escolha,com ele — ele volta os olhos para Tony de repente como se ele finalmente tivesse começado a existir no mesmo ambiente que esta conversa —, alguém que tem uma porra de um alvo nas costas,de ser tão idiota e ingênuo e egoísta a ponto de pensar que isso não foderia
completamente com todos nós.

— Eu sabia, Philip. Meu Deus — Nick diz. — Eu sabia que isso poderia estragar tudo. Eu
tinha pavor de isso acontecer. Mas como eu poderia ter previsto? Como?

— Assim como eu disse, ingênuo — Philip fala para ele. — Essa é a vida que vivemos, Nick.Você sempre soube disso. Eu tentei te avisar. Eu queria ser um bom irmão para você, mas você não me dava ouvidos. É hora de lembrar o seu lugar nesta família. Vire homem. Tome tenência e assuma a responsabilidade. Dê um jeito nisso. Pela primeira vez na sua vida, não seja um
covarde.

Nick se crispa como se tivesse levado um tapa.Tony consegue ver agora — é assim que ele foi derrubado ao longo dos anos.

Talvez não tão explicitamente sempre, mas a todo o momento ali, sempre subentendido: Lembre-se do seu lugar.

Ele faz aquilo que Tony ama tanto: ele ergue o queixo, se firmando.

— Eu não sou covarde — ele diz. — E não quero dar um jeito nisso.

Philip quase cospe uma risada dura e sem graça na cara dele.

— Você não sabe o que está falando. Não tem como saber.

— Vai se foder,Philip,eu amo o Tony — Nick diz.

— Ah, você ama esse menino, é? — É tão condescendente que o punho de Tony se cerra embaixo da mesa. — O que exatamente você pretende fazer, então,Nick? Hmm? Casar com
ele? Transformá-lo na duquesa de Cambridge? O filho da presidente dos malditos Estados Unidos,quarto na linha de sucessão para virar a rainha da Inglaterra?

Na realezaOnde histórias criam vida. Descubra agora