Quarenta e quatro

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Capítulo narrado em terceira pessoa

Azul ou cinza?
Cinza ou azul?

Tony nunca esteve tão dividido entre dois blazers igualmente inofensivos em toda a sua vida.

— Que besta — Addison diz. — Os dois são sem graça.

— Só me ajuda a escolher, por favor? — Tony pede.

Ele ergue um cabide em cada mão, ignorando o olhar de julgamento que ela lhe lança,ainda sentada em cima da cômoda dele.

As fotos da noite de eleição amanhã, ganhando ou perdendo, vão segui-lo pelo resto da sua vida.

— Tony,falando sério.Eu odeio os dois.Você precisa de algo matador.Esse pode ser sua
porra de canto do cisne.

— Certo, não vamos…

— Sim, tá, você está certo, se as projeções se mantiverem, vamos ficar bem — ela diz,
descendo. — Então, quer conversar sobre por que está escolhendo este momento específico da carreira para fazer uma jogada tão conservadora no seu estilo?

— Não — Tony diz. Ele ergue os cabides para ela. — Azul ou cinza?

— Certo, então. — Ela está o ignorando. — Deixa que eu falo.Você está nervoso.

Ele revira os olhos.

— É claro que estou nervoso,Addi, é uma eleição presidencial e a presidenta me deu à luz.

— Tenta de novo.

Ela está lançando aquele olhar para ele.
O olhar de “eu já analisei todos os dados da baboseira que você está me falando”.

Ele solta um suspiro chiado.

— Tá — ele diz. — Tá, beleza.Estou com medo de voltar para o Texas.

Ele atira os blazers na cama. Merda.

— Sempre achei que o fato de o Texas me aceitar como filho era, sabe, meio que condicional.— Ele anda de um lado para o outro, coçando a nuca. — Todo o lance, meio mexicano,inteiro democrata.Tem um contingente muito veemente que não gosta de mim e não quer me ver como representante deles.E agora,é só.Não ser hétero.Ter um namorado.Ter um escândalo sexual gay com um príncipe europeu.Não sei mais de nada.

Ele ama o Texas — ele acredita no Texas. Mas ele não sabe se o Texas ainda o ama.

Ele andou até o lado oposto do quarto,e ela o observa e inclina a cabeça para o lado.

— Então… você está com medo de usar qualquer coisa que seja espalhafatosa demais na sua primeira viagem pra casa depois de sair do armário,por conta das sensibilidades heterossexuais delicadas dos texanos?

— Basicamente.

Ela está olhando agora para ele como se ele fosse um problema matemático muito complexo.

— Você chegou a olhar nossas pesquisas sobre você no Texas?Depois de setembro?

Tony engole em seco.

— Não. Eu, hm. — Ele esfrega o rosto com uma mão. — Pensar nisso, tipo… me estressa?Tipo, eu fico querendo olhar os números,e daí eu só.Travo.

O rosto de Addi se suaviza,mas ela não se aproxima ainda, dando espaço para ele.

— Tony. Você poderia ter me perguntado. Não são… nada ruins.

Ele morde o lábio.

— Não?

— Tony,nossa base no Texas não se virou contra você depois de setembro, de jeito nenhum.Pelo contrário, eles gostam mais de você.E muitos indecisos ficaram putos com o Richards por ter atacado um menino texano. Você está indo muito bem.

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