Quarenta e um

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Capítulo narrado em terceira pessoa

A primeira vez em que Tony saiu de um carro na Pennsylvania Avenue, que liga a Casa Branca ao Capitólio, como o primeiro-filho dos Estados Unidos, ele quase caiu de cara em um arbusto.

Ele consegue se lembrar da cena vividamente,embora o dia inteiro tenha sido surreal. Ele se lembra do interior da limusine,como ainda não tinha se acostumado com a sensação do couro sob as palmas de suas mãos suadas,ainda ingênuo e ansioso,perto demais da janela para ver
toda a multidão.

Ele se lembra de sua mãe, o cabelo comprido amarrado em uma trança elegante e discreta atrás da cabeça. Ela tinha usado o cabelo solto em seu primeiro dia como prefeita,seu primeiro dia no Congresso, seu primeiro dia como presidenta da Câmara,mas naquele dia estava com o cabelo preso.Disse que não queria nenhuma distração.

Ele achou que aquilo a fazia parecer durona,como se estivesse pronta para uma luta se necessário,como se tivesse uma gilete dentro do sapato.

Ela estava sentada ao lado dele, revendo as anotações para o discurso, uma bandeira de
ouro de vinte e quatro quilates na lapela,e Tony estava tão orgulhoso que achou que iria passar mal.

Houve uma mudança em determinado momento — Ellen e Leo escoltados para a entrada norte e Tony e Ondreaz transportados para outra direção.

Ele se lembra,muito especificamente,de algumas coisas. Suas abotoaduras, X-wings de prata de lei feitos sob encomenda. Um arranhão minúsculo no reboco de uma parede no oeste da Casa Branca,que ele estava vendo de perto pela primeira vez.

Seu cadarço desamarrado. E ele se lembra de abaixar para amarrar o sapato,perder o
equilíbrio pelo nervosismo,e ser segurado por Ondreaz pela parte de trás do paletó para impedir que caísse de cara em uma roseira espinhosa na frente de setenta e cinco câmeras.

Esse foi o momento em que ele decidiu que nunca mais se permitiria sentir nervosismo. Não como Tony Levi-Lopez,primeiro-filho dos Estados Unidos, nem como Tony Levi Lopez, astro político em ascensão.

Agora, ele é Tony Levi Lopez,centro de um escândalo sexual político internacional e
namorado do príncipe da Inglaterra,e está de volta ao banco de trás de uma limusine na Pennsylvania Avenue,tem outra multidão,e a sensação de vômito iminente está de volta.

Quando a porta do carro se abre,lá está Ondreaz com uma camiseta amarelo brilhante que diz: HISTÓRIA, HEIN?

— Você gostou? — ele diz. — Tem um cara vendendo na esquina. Peguei o cartão dele. Vou usar na minha próxima coluna para a Vogue.

Tony se joga em cima dele,envolvendo-o em um abraço que o tira do chão,ele dá um grito e puxa seu cabelo,e eles tropeçam de lado e caem num arbusto, como sempre foi o destino de Tony

A mãe deles está em uma maratona de reuniões,então eles saem escondidos para o Truman Balcony e atualizam um ao outro com chocolates quentes e um prato de donuts.

Chase tentando fazer telefone sem fio entre os respectivos campos,mas não adiantou muito.

Ondreaz chora pela primeira vez quando ouve sobre a ligação no avião,depois de novo sobre Nicknenfrentando Philip,e uma terceira vez sobre a multidão diante do Palácio de Buckingham.

Tony o observa mandar uns cem emojis de coração para Nick e ele responde com um vídeo curto dele com Catherine tomando champanhe enquanto Ryland toca “God Save the Queen” na guitarra.

— Certo, é o seguinte — Ondreaz diz depois. — Ninguém vê Addison faz dois dias.

Tony o encara.

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