Quinze

476 46 16
                                    

Várias conversas se silenciam e queixos caem enquanto Nick e eu passamos.

Tento imaginar como deve ser a visão deles: o príncipe e o primeiro-filho, os dois maiores galãs de seus respectivos países, lado a lado a caminho do bar.

É intimidante e emocionante corresponder a esse tipo de fantasia rica e intocável.

É isso o que as pessoas veem, mas nenhuma delas sabe sobre a Grande Calamidade de Perus.

Apenas eu e Nick

Pego a primeira rodada e a multidão os engole.

Fico surpreso por como estou contente
pela presença física de Nick ao meu lado.

Nem me importo mais em ter de erguer os olhos para falar com ele.

Eu apresento Nick a alguns estagiários da Casa Branca e ri quando eles coram e gaguejam, e o rosto de Nick assume um ar agradavelmente neutro, uma expressão que
Eu via como indiferença, mas agora entende o que é: uma confusão cuidadosamente ocultada.

Vemos a dança, a social, um discurso de Ondreaz sobre o fundo para a imigração que eles estão apoiando com suas doações nesta noite, e eu desvio de uma cantada agressiva de uma menina que está nos novos filmes do Homem-Aranha e entra em uma dança de conga caótica, e Nick realmente parece estar se divertindo.

Ondreaz nos encontra a certa altura e leva Nick para conversar perto do bar.

Eu os observo de longe, se perguntando o que eles podem estar falando que fez Ondreaz quase cair do banquinho de tanto rir, até a multidão me engolir outra vez.

Depois de um tempo, a banda para de tocar e um DJ assume com uma playlist de músicas de hip-hop do começo dos anos 2000, todos os grandes sucessos que foram lançados quando eu era criança e ainda tocavam nas suas festas da adolescência.

É então que Nick me encontra, como
um homem perdido no mar.

— Você não dança? — eu pergunto observando Nick, que está visivelmente tentando entender o que fazer com as próprias mãos.

Chega a ser fofo.

Nossa.

Como estou bêbado.

— Não, eu danço — Nick  diz. — É só que as aulas de dança de salão obrigatórias da minha
família não cobriam esse estilo?

— Vem, é, tipo, no quadril. Você precisa relaxar— Abaixo os braços e ponho as mãos no
quadril de Nick, que se tensiona imediatamente sob o toque. — Esse é o exato oposto do que eu falei.

— Tony, eu não…

— Olha — eu digo movendo o quadril —, vê como eu faço.

Nick toma um gole enorme de champanhe e diz:

— Estou vendo.

A música passa para outro ba-da dum-dum-dum, dum-da-dum da-da-dum…

— Puta que pariu — Berro, cortando o que Nick ia dizer —Puta que pariu, caralho,
essa é a minha música!

Erguo as mãos para o alto enquanto Nick fica olhando inexpressivo para ele e para as pessoas ao redor que também estão comemorando, centenas deombros se movendo no ritmo da nostalgia gritada de “Get Low”, do Lil Jon.

— Você jura que
nunca viu um monte de adolescentes sarrando com essa música tocando numa festinha constrangedora da escola?

Nick se segura no seu champanhe para sobreviver.

Na realezaOnde histórias criam vida. Descubra agora