Dezoito

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-Quero começar agora — Falo ao entrar de repente na Sala de Tratado.

Minha mãe baixa os óculos para a ponta do nariz, observando-o por uma pilha de papéis.

— Começar o quê? A apanhar por invadir minha sala enquanto estou trabalhando?

— O emprego — eu digo. — O emprego da campanha. Não quero esperar até me formar. Já li todos os materiais que você me deu. Duas vezes. Estou com tempo. Posso começar já.

Ela estreita os olhos na minha direção

— Que bicho te mordeu?

— Nenhum, eu só… — Um dos meus joelhos começa a balançar impacientemente.obrigo o parar. — Estou pronto. Falta menos de um semestre para mim. Do que mais eu poderia
precisar saber para fazer isso? Pode me colocar em campo.

É assim que eu me encontra esbaforido em uma tarde de segunda-feira depois da aula,
seguindo um funcionário que conseguiu superar até meu próprio no consumo de cafeína, em uma visita vertiginosa pelos gabinetes da campanha.

Ganho um crachá com meu nome e sua foto,
uma mesa em um cubículo compartilhado com um cara da elite de Boston chamado Hunter, cuja cara eu adoraria socar.

Recebo um panfleto de dados dos grupos focais mais recentes e dizem para mim começar a elaborar ideias de políticas públicas para o fim da semana seguinte, e o tal Hunter de Boston fazumas quinhentas perguntas sobre a mãe dele.

Consiguo ser tão profissional que nem dá um
soco na cara dele.

Simplesmente mergulho no trabalho.

Eu definitivamente não estou pensando em Nick

Não estou pensando em Nick quando trabalho vinte e três horas durante a primeira semana de trabalho,nem quando está ocupando o restante das horas do seu dia com as aulas, os trabalhos, as longas corridas, as doses triplas de café e os gabinetes do Senado que anda bisbilhotando.

Eu não estou pensando em Nick quando está no banho ou à noite, sozinho e acordado na cama.

Exceto quando estou.

O que é sempre. Isso costuma funcionar.

Não entendo por que não está funcionando.

Quando estou nos gabinetes de campanha, fico rondando os grandes quadros brancos
movimentados da área de votação, onde Addi passa o dia todo sentada se dedicando a gráficos e planilhas.

Ela não teve problemas em fazer amizade com seus colegas, visto que sua competência
se converte diretamente em popularidade na cultura social da campanha, e ninguém é melhor com números do que ela

Não é exatamente inveja o que eu sinto.

Eu também sou popular em meu departamento, pois vivo sendo encurralado perto da cafeteira em busca de segundas opiniões sobre os rascunhos e convidado para happy hours para os quais eu nunca tenho tempo.

Pelo menos quatro funcionários de gêneros diferentes deram em cima de mim, e o Hunter de Boston não para de tentar me convencer
a ir a seus shows de stand up.

Eu sorri elegantemente com o café na mão e faz piadas sarcásticas,provando que a Iniciativa Charmosa de Tony Lopez continua eficaz como sempre.

Mas Addison faz amigos, enquanto eu fico com conhecidos que pensam que me conhecem porque leram seu perfil na revista New York, e pessoas perfeitamente interessantes com corpos perfeitamente interessantes que querem levá-lo para a cama.

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