Trinta e um

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Capitulo narrado em terceira pessoa

-Você fez uma análise do custo-benefício disso? — Zahra está falando no celular durante a decolagem. — Porque você sabe que estou certa, e esses patrimônios podem ser transferidos aqualquer momento se você discordar. Sim. É, eu sei. Tudo bem. Foi o que pensei. — Uma longa pausa, depois, muito baixo: — Também te amo.

— Hm — Tony diz quando ela desliga. — Algo que queira compartilhar com a turma?

Zahra nem tira os olhos do celular.

— Sim, era meu namorado e, não, você não pode fazer mais perguntas sobre ele.

Ondreaz fecha o caderno com um interesse repentino.

— Como você pode ter um namorado sem que a gente saiba?

— Vejo você com mais frequência do que vejo cuecas limpas — Tony diz.

— Você não está trocando de cueca com frequência, meu bem — sua mãe intervém do outro lado da cabine.

— Às vezes eu não uso — Tony diz com indiferença. — Esse por acaso não é um namorado inventado, é? Ele — ele faz aspas no ar — “mora longe daqui”?

— Você está realmente decidido a ser jogado de uma escotilha de emergência, hein? — ela
diz. — É um relacionamento à distância. Nada além disso. Chega de perguntas.

Cash também intervém, insistindo que ele merece saber já que é o guru do amor da equipe, e há um debate sobre informações apropriadas para compartilhar com seus colegas de trabalho, o que é engraçado considerando o quanto Cash já sabe sobre a vida pessoal de Tony.

Eles estão rodeando Nova York quando Ondreaz, para de falar de repente, voltando a se concentrar em Zahra,que ficou em silêncio.

— Zahra?

Tony se vira e vê Zahra completamente imóvel, algo tão diferente de sua agitação habitual que todos também ficam paralisados. Ela está olhando fixamente para o celular, boquiaberta.

— Zahra — sua mãe repete, muito séria. — O que aconteceu?

Ela finalmente ergue os olhos, a mão firme no celular.

— O Post acabou de revelar o nome do senador independente que vai entrar para o gabinete de Richards — ela diz. — Não é Stanley Connor. É Thomas

— Não — Ondreaz repete, os olhos brilhantes sobre a luz morna perto do elevador do hotel onde eles combinaram o encontro. Seu cabelo está se desfazendo em fios rebeldes. — Você já tem sorte de eu aceitar falar com você, então é isso ou nada.

O repórter do Post hesita, os dedos vacilando no gravador. Desde que eles pousaram em Nova York, ele vinha atormentando Ondreaz em seu celular pessoal para conseguir umas aspas dele a respeito da convenção, e agora está insistindo para ouvir algo sobre Thomas.

Ondreaz não costuma ser uma pessoa nervosa, mas foi um dia longo, e parece faltar pouco para ele cravar um canivete no olho do homem.

— E você? — ele pergunta a Tony.

— Se ele não vai falar, eu muito menos — Alex diz. — Ele é muito mais boazinho do que eu.

Ondreaz estala os dedos na frente dos óculos de hipster, os olhos em chamas.

— Você não vai falar com ele — Ondreaz diz. — Essas são as minhas aspas: minha mãe, a
presidenta, ainda pretende vencer essa eleição. Estamos aqui para apoiá-la e incentivar o partido a se manter unido por ela.

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