DIONÍSIO DI SAULO
Scoala, Academia Artrópode Artêmesis, Ilha de Artrópota.
13 de dezembro de 2018.
Tarde
Nunca tinha presenciado tão de perto tamanha dor e sofrimento, mas também tanta gratidão pela vida. Ao todo, 467 tamasianos foram recuperados, 56 mortos e 48 desaparecidos. Grande parte do número de recuperados se dá aos 203 funcionários do porto grego que já tinham certa segurança, o que nos faz refletir se aqueles que deveriam estar aqui, estão realmente. Temos que prestar conta sobre essas vidas.Sou abordado por dois rapazes sedentos de informação.
- Tropo Dionísio, por favor, temos uma pista de onde podem estar os tamasianos de Roşia Montană - diz um deles, entusiasmado.
- Pois diga! A levarei pessoalmente ao Tropo Superior.
Noto então que um dos rapazes é o mesmo que salvou o garoto do ataque de nervos de Pratt. Ele mesmo completa o argumento do outro rapaz:
- Achamos que vocês podem encontrar algo nas minas de ouro. São veios extensos e alguns podem nem mesmo serem conhecidos. Nossas famílias podem estar por lá...
Percebo lágrimas brotando dos olhos dos dois e tento confortá-los:
- Farei o possível para mandar Tropos de Linha para lá, não se preocupem.
Vou até o Misiuni e, obviamente, o clima não podia ser pior. Papai está visivelmente abatido e desgastado. O sentimento de culpa é inevitável, mas ainda temos chances de salvar ao menos os desaparecidos (por mais que Artrópota e Tâmasus ainda estejam procurando por desaparecidos dos ataques anteriores).
O Mapa Mundi está cravejado de pontos vermelhos e Tuski os encara com aflição.
- Papá - digo. - Alguns resgatados da Romênia deram pistas que lhe podem ser úteis. As minas de ouro de Roşia Montană podem ser o esconderijo de tamasianos fugidos ou mesmo de Escorpiões!
- Não faz sentido, filho. Conseguiríamos detectá-los se assim fosse...
- Mas não conseguem detectar os desaparecidos nem de agora, nem de antes. Não custa mandar uma equipe, mesmo que pequena, para investigar. Quanto menos tempo discutirmos isso, melhor.
Diferentemente de oito meses atrás, Tuski agora realmente me dá ouvidos. Parece ter reconhecido que, talvez, eu ou qualquer outro tamasiano esteja certo por uma visão que ele não consegue ter. Rapidamente ele envia uma equipe até o local indicado e pede para Alonzo, que também está por aqui, coordenar as buscas. Ele precisa conversar comigo em particular.
- Aproveito que já está aqui para lhe expor algo que você talvez já saiba. Permiti que continuasse como Tropo hoje devido a gravidade da situação, mas você sabe que, se quiser mesmo ser um Artrópode, não poderá continuar com esse cargo.
Concordo com um gesto de cabeça. Aceito melhor o fato do que imaginei, e ele está certo. Sacrifiquei um namoro por isso, posso muito bem sacrificar um cargo.
- Muito obrigado por esse período de contribuição, filho. Seu pai está orgulhoso. Lamento que não tenha uma cerimônia de despedida digna...
- Tudo bem, é melhor assim. Saindo daqui, vou até em casa, troco de roupa e me misturo.
- Em algumas horas devo me pronunciar no auditório - diz, num tom pesado. - Alguma satisfação deve ser dada.
- Se me permite um conselho, tente ser o menos programado possível. Acho que sentem falta de algo humano, que não pareça uma cerimônia que acontece de tempos em tempos, a qual já estamos "acostumados".
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Artrópota: Árvore-Mármore
Ngẫu nhiênO que pode dar errado no paraíso? Há milênios, um grande reino com tecnologia muito a frente do seu tempo foi criado no interior da Romênia com o intuito de guardar as Grandes Riquezas da Terra. Batizado como Tâmasus, esse recanto que outr...