15. Guerra Ouro

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REI DÉRIKO I

Castelo Prime T, Tâmasus, Romênia.
20 de maio de 1986

Manhã
Jamais ignore um pressentimento, jamais. Eles são nossa herança mais antiga de um passado primitivo onde só usávamos o instinto. Aliados com a racionalidade, nossos pressentimentos podem nos guiar. Eu ignorei os meus e agora estamos em guerra. Que Deus tenha piedade de nós.

O assassinato dos líderes Escorpiões gerou, obviamente, enorme revolta em Scorpion Place e a guerra foi declarada, mesmo com Tafra e sua família estarem pousados aqui no Castelo. Imaginei que acolhê-los acalmaria os ânimos, mas não. Estamos na defensiva, por enquanto. Tâmasus pereceria se o poder de fogo for mútuo. Soldados estão nas ruas garantindo a segurança pública, mas ainda assim, ninguém sai de casa. Estoques de mantimentos foram armazenados pelo povo em suas casas, os comércios estão fechados e nossas relações externas estão prejudicadas. O clima no Castelo é de tensão e comoção. Há medo nos corredores também. Eu sabia, sabia! A profecia tardou mas não falhou e agora estamos completamente perdidos. Perdidos? Não, não mesmo! Temos um destino.

Me reúno com minha esposa, filhos e os amigos mais próximos de sempre, com exceção de Elói, Alonzo e Tafra, que ajudam na vistoria do Castelo nesse momento.

- Família e amigos, é chegado o momento! Artrópota nos aguarda. Dias de purificação virão...

- Dériko, com todo respeito... - interrompe Saulo - É realmente prudente abandonar essas terras, toda a história... Por um grupo de rebeldes insolentes? Eu sugiro que reajamos fogo com fogo. Sabemos bem quem são, há como os diferenciar do resto do povo, então, por que não reagir?

Kiara completa:

- Dériko está cego, Saulo, cego! Já disse isso a ele centenas de vezes, mas não me ouve. Que exemplo acha que você dá para nossos filhos querendo fugir como um rato?

- Mamãe... Eu não acho que papai esteja errado.

Surpreendo-me com meu primogênito. Às vezes me esqueço que não são mais crianças e que ele agora é um homem de fibra. Dériko agindo e pensando como eu? Ora, parece que não enlouqueci totalmente ainda. Meu filho me dá credibilidade e isso me basta.

Gesticulando e procurando ser o mais convincente possível, Riko continua:

- Não enxergam que se nos mudarmos daqui o número de mortos e feridos será bem menor? Pensem nas vidas que pouparíamos, nos novos ares que teremos... Essa saída não devia nem ser uma opção, deveria ser obrigatória!

Eleonor e Tuski se entreolham, mas não consigo imaginar no que pensaram.

- Riko está certo, mamãe. - diz Ciara - Há décadas o projeto foi iniciado. O que falta para irmos para lá? O transporte das Riquezas seria feito pelo oceano e o nosso, aéreo...

- E se conseguirem abrir a barreira depois de nossa partida? E se expuserem tudo que sobrou de Tâmasus? Ainda restaria partes que alarmariam o Mundo Externo...

Abrindo a porta brutalmente, Elói entra, pasmo:

- Perdão a interrupção, mas estão se reunindo na frente do Castelo, milhares deles armados até os dentes!

Desesperado, Tuski se levanta:

- Querem invadir o Castelo?!

- Não sei, mas é bom executarmos uma ofensiva se não quisermos que consigam!

※※※

Ouve-se ao longe uma voz berrando:

- Entreguem o que é nosso! Nosso líder, nossos herdeiros, nossas Riquezas!

Artrópota: Árvore-MármoreOnde histórias criam vida. Descubra agora