JADE LOPES
Cemitério Artro-Tamasiano, Élopo, Ilha de Artrópota.
22 de dezembro de 2018.
Manhã
Desembarco timidamente do ônibus que trouxe as meninas e logo me junto a meus pais e Klaus, que vieram no cortejo. Vítor e Matthew vieram juntos no ônibus dos meninos, o que deixa Matthew com menos sentimento de solidão. Ele não fala muito sobre o ocorrido, mas sente muito mesmo quando tudo vem à tona.O Cemitério Artro-Tamasiano mais parece um parque, de tão bem ambientado: há uma grande área gramada, um pequeno lago e alguns pássaros, mas logo a primeira impressão se desfaz quando vejo se erguerem as estátuas de mármore na forma de anjo, as sepulturas, os mausoléus... Tudo assume um tom mórbido, principalmente quando vejo as (novamente) tendas montadas, mas dessa vez, são muitas e têm tecido preto. Têm certa distância entre si, são menores que as continentais e estão dispostas pelo gramado, tingindo de preto o até então tapete verde. É nessas tendas que estão os caixões e logo em suas entradas, há o nome de quem ali repousa.
Matthew, acompanhado de Vítor e eu, rapidamente encontra a tenda com “Sr. e Sra. Maximus”, mas hesita em entrar.
— Se importam de entrarem comigo? — pede, com uma voz seca e falha. — Não quero ter de fazer isso sozinho, por enquanto...
Entramos e dois luxuosos caixões estão lado a lado, fechados. Velas em candelabros e coroas de flores estão dispostas pelo ambiente assim como algumas poltronas, e retratos dos falecidos foram colocados nas tampas, um de cada, mostrando sua vívida aparência. A mãe, tem postura ereta, cabelos negros e curtos à altura do ombro, olhos verdes e nariz pontudo, arrebitado. É magra, alta e de aspecto firme, mas acolhedor. Ela veste um vestido vinho que muito lhe destaca a cor da pele. O pai, senhor calvo, baixo e gordo, de olhar vívido e superficial, veste um terno que mesmo eu que não entendo de alta costura, posso ver que é de muito boa procedência. Também pudera, a própria postura de Oswald sugere um homem ambicioso e ativo.
Matthew parece não acreditar que ali estão as pessoas que tanto ama, mas, em seu lugar, eu também não acreditaria:
— Por que estão... Fechados assim?
— Já se passaram muitos dias... Ou isso, ou pode ser pelas condições em que foram encon...
— Vítor! — advirto. — Tenha mais tato!
— Tudo bem, Jade. Mas veja só, não sou o único a sofrer a perda deles...
Um pequeno grupo de pessoas se junta na entrada da tenda para prestar as últimas homenagens. Penso que têm mais curiosidade do que pesar, visto a aparente importância que Os Maximus tinham para algo que nem o próprio Matthew sabe. Sendo como for, é melhor não dizer nada. Compartilhar essa dor com alguém pode ajudar, nesse momento. Pode não ser a melhor opção, mas percebo Pratt em meio as pessoas, talvez por empatia ou por tripúdio.
MATTHEW MAXIMUS
Cladire Masculina, Academia Artrópode Artêmesis, Ilha de Artrópota.
Noite
Só quero que esse dia acabe logo. Não só o dia, mas o ano também. O Natal é em três dias e eu nem mesmo tenho uma família. Nunca soube como é viver sem a certeza de ter o suporte de alguém que não fosse programado pra isso, nunca imaginei receber isso de estranhos. Procuro manter minha mente ocupada pensando em várias coisas, como: como funciona a barreira de energia? Como faz toda essa Ilha ficar invisível aos olhos do Mundo Externo? De onde veio o dinheiro pra tudo isso? Mas sempre que me distraio, a desolação toma conta de mim e me sinto fraco, impotente, sem recursos. Carente.
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Artrópota: Árvore-Mármore
De TodoO que pode dar errado no paraíso? Há milênios, um grande reino com tecnologia muito a frente do seu tempo foi criado no interior da Romênia com o intuito de guardar as Grandes Riquezas da Terra. Batizado como Tâmasus, esse recanto que outr...