DIONÍSIO DI SAULO
Delegacia Territorial Artropotana, Ártiko, Ilha de Artrópota.
12 de maio de 2019.
Noite
— Vocês enlouqueceram?! — berra meu pai conosco. — Têm sempre total liberdade de ir e vir, tanto que muitas vezes ninguém sabe onde estão... Mas isso? Provocar a morte de um homem? Carregar uma arma de Artêmesis na bolsa como um souvenir, Bianca?— Nós não provocamos a morte dele...
— Mesmo sendo um invasor, o que acharam que poderiam fazer? Salvar Artrópota sozinhos? Vocês passaram seriamente dos limites!
— Mas pai...
— Agora, além de ter que dar conta das minhas responsabilidades e das de Klock, terei que me esforçar para manter a participação de vocês nesse caso oculta — diz ele, quanto abre a porta da sala onde estamos. — Já não posso contar com a ajuda do Alonzo, por estar abalado com a execução do primo... E mais essa agora! Pelo menos estão todos bem...
Tuski sai, batendo a porta. Ele não está furioso de fato com o que aconteceu, e sim, com a possibilidade de quase ter acontecido algo mais sério conosco.
— O que acha que vão fazer conosco, Dionísio? — pergunta Jade, visivelmente nervosa.
— Por hoje, vão colher nossos depoimentos. Depois... Bem, não sei.
Bianca alonga os braços e dá um longo suspiro:
— Mais um problema nas costas dos Zece X...
— Causado por você, Bianca! — acusa Matthew, andando de um lado para o outro. — Se não tivesse o perseguido, ele estaria vivo agora!
Vinitsy está sentado no chão com Hayse ao seu lado. Está preocupado, como todos estamos, mas tenta um raciocínio:
— Pelo menos agora temos tempo para pensar melhor em relação ao Tafra...
— Acha que ainda temos chances de irmos para Tâmasus mesmo depois disso? Se nos pegarem saindo da ilha, é capaz de sermos expulsos! — responde Hayse.
— É bem provável mesmo... — digo. — Mas é uma chance única. Não podemos desperdiçá-la.
BIANCA FRANCO
Restaurante Torquato, Avenida Squatermo Temo, Ciarta, Ilha de Artrópota.
12 de maio de 2019.
Tarde
Hayse e Jade passaram o dia com os pais e agora que estamos juntos novamente, resolvemos dar um passeio para conhecer o restaurante que a mãe de Quamba montou, que se localiza na mesma avenida onde, no final, se encontra a casa de Agatha Polar. Sempre é agradável andar por aqui, especialmente num final de tarde. A brisa começa a ficar mais fresca e as ruas se iluminam. Amo a maneira como a luz banha as pedras das ruelas e molda as casas mais antigas daqui. Mamãe iria amar esse lugar.Não há um só dia que não pense neles. Mamãe, papai, Gony... Por mais que nossa despedida tenha sido seca e trágica, sinto que o tempo bom que passamos juntos compensou tudo. Aprendi que não adianta se culpar por brigas e outras coisas do passado — especialmente pelo tempo que perdi nas drogas, bebidas e farras —, já que o tempo não vai voltar. Não vou poder evitar que os erros do passado ocorram, mas posso aprender com eles e é exatamente isso que venho tentando fazer durante os meses que se passaram.
Noite
Acabamos as refeições e dei um pulo no banheiro para retocar o batom. Me sinto exausta, ainda que não tenha feito muita coisa hoje. Estou voltando para a mesa, que fica próxima a vidraça do restaurante, quando vejo um homem passando do outro lado da rua. Meus pelos se arrepiam e sinto minhas pernas bambas, mas, ainda assim, quando dou conta já estou próxima à entrada, espreitando a rua. Os garotos vieram atrás de mim, preocupados:
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Artrópota: Árvore-Mármore
SonstigesO que pode dar errado no paraíso? Há milênios, um grande reino com tecnologia muito a frente do seu tempo foi criado no interior da Romênia com o intuito de guardar as Grandes Riquezas da Terra. Batizado como Tâmasus, esse recanto que outr...