Artrópota: Árvore-Mármore

Infestação II

Vinitsy permanece comigo ao lado do túmulo enquanto Bianca, Jade e Matthew levam Hayse de volta para o carro.

— Melhor irmos embora, Dionísio — diz Vinitsy, pousando sua mão sobre meu ombro. — Você já reviveu muita coisa hoje.

Consinto com a cabeça e começamos a caminhar, mas poucos passos depois, somos atacados por uma figura macabra: uma sombra negra pula de uma das sepulturas, produzindo um horripilante barulho metálico ao tocar o caminho de pedras. Seu cheiro suave e delicado contrasta fortemente com o que nossos olhos vêm. Sua longa capa cobre completamente seu corpo, bem como seu capuz cobre sua cabeça, mas, da densa camada de tecido, surge um braço recoberto por uma manga preta, e de sua extremidade, uma mão calçando uma luva de couro escuro e com longos dedos se ergue, apontando para mim. É um ser alto e ofegante e parece selvagem, muito triste ou revoltado.

— Você... — diz a criatura enquanto aponta para mim.

Vinitsy se põe entre mim e a criatura, em seu típico comportamento protetor. A voz do ser soa sombria, ressonante e profunda, ainda que de baixo tom. É roca, rasgada e intensa. Quebra o silêncio.

Num pulo, a criatura atinge em cheio o peito de Vinitsy, que decola para longe, atingindo uma sepultura e rachando seu concreto. Mal esboço um movimento de ajuda, percebo uma sombra tapando a luz da lua em mim, e, num ágil salto, o ser me derruba e se põe sobre mim. Sua cabeça se aproxima da minha e suas mãos me pressionam contra o chão. Posso sentir seu hálito surpreendentemente fresco e mentolado.

— Você! — berra o ser, alto o suficiente para perturbar meus sentidos. — A culpa é sua! Ele estaria vivo se não fosse por você! Criança maldita, és igual a Tafra Aranha! Iguais! Vocês são iguais!

Não consigo responder, mal posso respirar. O tom com o qual me acusou era de pesar, choroso. Ao ver minha incapacidade, a criatura me liberta e desaparece tão repentinamente quanto surgiu, plantando uma terrível dúvida em minha mente.