|• Ella Carter •|

1.5K 87 1
                                    

Acordo e vejo que ainda é muito cedo, o sol começa a nascer imagino ser umas seis da manhã, vejo que dormi por quase 10 horas.
O quarto que estou não tem varanda somente uma janela com vista para a parte de trás da ilha, onde dá para ver muitas árvores, uma vista simples considerando a do outro quarto.
Presto mais atenção no quarto, muito simples em comparação com o restante da casa. Nem parece que este cômodo seja parte da casa. Até que a ficha cai e me dou conta de que esse deve ser o quarto da empregada.

Me levanto com um pouco de dificuldade, pois meu corpo inteiro dói, e vou até a janela

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Me levanto com um pouco de dificuldade, pois meu corpo inteiro dói, e vou até a janela. Diferente de ontem o dia hoje não está bonito, está frio e muitas nuvens de chuva cobrem o céu.
Vou até a porta rezando para que a mesma esteja aberta e que a raiva do meu marido já tenha passado, porém confirmo que um porta do quarto ainda permanece trancada.
Me encaminho até o banheiro e me assusto com meu reflexo no espelho, estou com o rosto inchado de tanto chorar, meu pescoço com as marcas de ontem ainda pior, e a última marca que ele me fez está roxa quase preta, sinto a pele machucada latejar. Não gosto do meu reflexo no espelho.
Decido tomar um banho para distrair a mente.

Quando saio, resolvo ver se tem alguma roupa na cômoda, mas para a minha insatisfação, não tem nada dentro

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Quando saio, resolvo ver se tem alguma roupa na cômoda, mas para a minha insatisfação, não tem nada dentro.
Resolvo sentar na cama e fico ali enrolada na toalha sem saber o que fazer. Para piorar o meu estômago começa a dar sinal de vida e me lembra que minha última refeição foi ontem no almoço.
Visto meu vestido novamente, mas escolho ficar sem calcinha, já que não tenho limpa. Deito na cama e tento dormir para ver se o tempo passa mais rápido, porém as minhas últimas lembranças não me deixam pegar no sono.
Ainda sinto os dedos do meu marido em meu braço e em meu cabelo, começo a chorar novamente, começando a perguntar a Deus o que eu fiz para passar por isso.
Antes eu estava até conformada por ter me casado com ele, mas agora sei que minha vida vai ser um inferno e já tive um pequeno vislumbre de como vai ser. Meus sonhos estão mais distantes de serem realizados, estão se tornando impossíveis, sei que nunca serei feliz com esse casamento, pois ninguém se importa comigo. Não tenho a quem recorrer, tenho que aguentar tudo calada.
Penso que seria mais fácil dar um fim na minha vida, assim não serei agredida, não precisarei mais ser esposa de um mafioso e nem serei obrigada a ter filhos.
Fico olhando para o teto lembrando das palavras do meu pai

~ 'O Blancy vai se divertir muito com você, até te colocar na linha.' ~

~ 'Se eu fosse você não desafiaria ninguém da família, eles podem não ser compreensivos.' ~

***

Fico deitada nem sei por quanto tempo, meu estômago já não reclama mais, imagino que já deva passar do meio dia, nem relógio tem nesse quarto.
Me levanto, vou até o banheiro e bebo água da pia, para manter meu estômago calmo, nesse momento nele já tem um buraco. Mas parece que o efeito foi reverso.
Por mais que minha vida com minha mãe fosse difícil sempre tínhamos o que comer, não posso dizer que já passei fome pois isso seria mentira. Mas trancada nesse quarto estou aprendendo o que significa estar com fome.
Me deito novamente fitando o teto, até que o sono vence e eu adormeço.

***

Acordo com minha cabeça latejando, imagino que seja pela falta de comida.

Acordo com minha cabeça latejando, imagino que seja pela falta de  comida

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Fico pensando quanto tempo ainda mais, ele vai me deixar trancada aqui.
Me levanto e vejo que o sol já está se pondo e uma chuva fina cai deixando um clima frio, lembro de como o pôr do sol de ontem foi especial, e de como tudo foi por terra.
Levanto e me olho no espelho novamente, reparo que as marcas já não me incomodam mais, na verdade sei que minha reação foi errada, ele já tinha me avisado, mas fiquei tão irritada que nem sei o que deu em mim, nunca fui assim, nunca em minha vida tive coragem de levantar a mão para alguém.
Tenho que evitar passar por isso de novo, vou fazer de tudo para evitar ficar outra vez trancada e sem comida.
A dor em meu estômago agora é maior do que a dor física que ele me causou.
Ainda no banheiro, resolvo tomar outro banho, pelo menos isso ainda me relaxa. Antes de ligar o chuveiro vou até a pia e bebo água, tentando ignorar a dor em meu estômago. Abro o jato de água do chuveiro e deixo em uma temperatura agradável, entro em baixo e deixo a água relaxar meus músculos, aos poucos vou escorregando até estar sentada abraçando as minhas pernas. Fico ali inerte sem pensar em nada, apenas deixando a água levar os meus pensamentos, me concentrando somente na água escorrendo pelo meu corpo.
Me sinto cansada.
Depois de um longo tempo resolvo dar como encerrado, me levanto mas sinto que a falta de comida traz consequências, me sinto tonta e me apoio na parede, consigo recobrar o equilíbrio e me seco com a toalha. Sinto meus braços pesados, vou até a cama me apoiando, pois estou com medo de cair.
Me deito nua na cama e me cubro com o edredom. Olho para o teto e vejo o mesmo rodando e rodando, sinto o sono tentando me dominar, tento ficar acordada pois estou com medo de desmaiar, mas nada posso fazer a não ser deixar a escuridão se apossar de mim.

...

- Vendida A Um Estranho *.°|Onde histórias criam vida. Descubra agora