|• Ella Carter •|

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Ella Carter

Deitada no chão fico fitando o teto, sem saber a reação que deveria ter naquele momento.
Me sinto totalmente esgotada e não consigo me mexer, me sinto congelada no tempo e começo a lembrar de momentos felizes que já tive. Lembro das minhas risadas com meus irmãos, das conversas divertidas que tinha com minha mãe, dos momentos que eu estava na escola e conseguia esquecer de tudo que me preocupava a não ser as provas e atividades.
Parece que tudo foi um lindo sonho e agora eu estou mergulhada em um pesadelo sem fim.
Estou aqui, deitada no chão depois de ter sido violada por meu próprio marido.
Sinto uma dor muito forte em meu ventre, acho que nunca senti uma cólica tão forte, porém fico ali deitada curtindo essa dor paralisante, acompanhada com os meus batimentos cardíacos que se encontra intenso.
Não sei se a dor maior vem do meu corpo ou do meu coração... O que eu fiz para merecer tudo isso, meu Deus?
***
Após minutos tentando me recuperar, sinto meu estômago se rebelar e então apoio minhas mãos no chão e começo a me levantar devagar, usando a parede de apoio.
Sinto uma grande tontura, como se tivesse levado uma pancada na cabeça e minhas pernas fraquejam, sinto que vou desmaiar.
Usando todas as minhas forças me arrasto até uma poltrona e me deixo cair sobre ela.
...
Não sei quanto tempo passa até que escuto meu nome sendo pronunciado.

- "Sra. Ella?"

Sinto uma mão gentil e quente passar em meu rosto.

- "Querida acorda..."

Meu ombro é levemente balançado.
Abro os olhos e pisco algumas vezes por conta da luz, até que o rosto reconfortante da empregada entra em meu campo de visão.

- "Querida vem... Vou te ajudar a tomar um banho e te colocar na cama."

Sua voz calma como de uma mãe me conforta.
Me levanto com sua ajuda e ainda sinto tontura porém menos que antes.
Calmamente caminhamos até o banheiro, a cada passo que dava sentia uma facada em meu útero.
Assim que entramos no ambiente não precisei tirar a roupa pois já estava sem, apenas entrei no box escutando os protestos da mulher, me dizendo que a banheira era melhor porque a qualquer momento eu podia cair.
Mas a única coisa que quero é me livrar de todo esse sangue que está em mim e que minhas lembranças dolorosas se vão pelo ralo a baixo.
Ligo o chuveiro e fico em baixo do jato, sentindo a água morna escorrer por minhas costas.
Floriza depois que viu que eu conseguiria tomar banho sozinha, saiu do banheiro lançando um olhar de pena em minha direção.
...
A empregada volta minutos depois, preocupada com a demora e vê que continuo ali em pé sem mover um único músculo.
A senhora pega o sabonete e começa pacientemente me ensaboar, mas quanto chega em minha intimidade me olha com dúvida e então apenas concordo com a cabeça.
Nada que ela faça vai me deixar mais envergonhada do que ter sido violentada mais uma vez.
Finalizando o banho, ela me leva para o quarto e depois vai para o closet escolher uma roupa, enquanto me seco.
Floriza traz uma camisola de seda e um pequeno kit de primeiros socorros.
Gentilmente meus mamilos são limpos por uma substância vermelha, em seguida a mulher uma passa pomada e os cobrem com curativos.
Durante todo o processo fiquei
olhando atenciosa os procedimentos feitos, meu sonho era um dia poder ser medica e cuidar assim de alguém.
Assim que estou vestida me acomodo na cama, a empregada sai do quarto e depois de alguns minutos volta com uma bandeja, que possui alguns comprimidos e uma sopa.
Me sinto sozinha, mas nunca abandonada pela dor, minha única parceira. No que minha vida se transformou?
Floriza coloca a sopa em meu colo, enquanto estou sentada na cama, meu estômago da saltos de alegria ao sentir o cheiro daquele delicioso prato. Tomo os comprimidos para dor e logo começo a comer.
A empregada fica sentada no pés da cama me observando comer, nem eu e nem ela puxamos assunto, não sei o que falar, a vergonha engoliu minhas palavras. Na verdade queria perguntar se meu marido sempre foi assim, se já tinha violentado outras mulheres, mas sei que ela não me responderia, então escolho ficar em silêncio.
Quando estou terminando de comer, a porta do quarto se abre revelando meu marido, lindo como sempre... com os cabelos penteados e com seu traje habitual, terno com camisa branca e gravata preta.
Ele me olha sentada na cama, seu olhar lança alfinetadas em meu coração, sinto minhas mãos começarem a suar, e o medo aumentar.
Floriza rapidamente se levanta e começa a arrumar a bandeja de comida, assim que termina se encaminha para a porta do quarto, mas antes de sair é interrompida por Richard que pede que arrume o café da manhã mais cedo pois iremos viajar.
Sinto um arrepio percorrer minha coluna com a menção da palavra viajem e sei que vem mais coisas ruins por ai.
***
Sou acordada com meu marido me chamando, ele já está de banho tomado e arrumado.

- Vendida A Um Estranho *.°|Onde histórias criam vida. Descubra agora