|• Ella Carter •|

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Acordo sentindo beijos sendo depositados no meu pescoço, me tirando do sonho que estava tendo com minha mãe.
Abro os olhos calmamente e vejo meu marido acariciando meu rosto com ternura.

- "Acho que o que você estava assistindo não era muito encorajador."

Diz fazendo um gesto em direção a tv.

- "Acho que peguei no sono depois que o filme acabou."

Me sentei arrumando meu vestido que tinha subido, deixando minha calcinha quase toda exposta. Sinto o olhar de Richard em meu corpo, de repente se aproxima e toma minha boca em um beijo calmo, sua língua brinca com a minha em uma batalha calma, paramos o beijo por falta de ar.

- "São quase seis horas, gostaria de te convidar para um passeio ao redor da casa, assim poderemos nos conhecer, sei que tudo isso é novo para você, máfia... regras... morar em países diferentes... Mais quero ter um tempo com você longe disto tudo."

Diz se levanta e esticando a mão para mim.

- "Uma oferta de paz..."

Seguro sua mão e ele me ajuda a levantar e colocar minha sandália, logo saímos em direção praia.
Caminhamos um pequeno percurso sem dizer nada um para o outro até que eu resolvo quebrar o clima.

- "Nunca tinha visto o mar..."

Ele me olha espantado, como se o que eu disse fosse um grande absurdo.

- "Nunca??? Seu pai ou sua mãe nunca te levou a praia?"

Ele pergunta ainda sem acreditar.

- "Não..."

Quando chegamos na areia sinto muita dificuldade para andar com os saltos, então resolvo tirar, ando os levando na mão.
Para não estragar o clima continuo falando já que o intuito desse passeio é nos conhecermos.

- "Bom.. o máximo que já fiz foi ir na cidade vizinha que era um pouco maior. Eu ia em viagens que a escola organizava para a gente conhecer o museu, o parque e o zoológico."

- "Quer dizer que você e sua família nunca saiu para uma viagem de férias?"

Pergunta com a curiosidade.

- "Não. Tinha meses que o salário da minha mãe quase nem dava para nos alimentar o mês inteiro."

Parei de falar quando sinto uma lágrima escapar, evito contato visual e olho para o pôr do sol, ao me lembrar dos tempos difíceis que passamos.

Parei de falar quando sinto uma lágrima escapar, evito contato visual e olho para o pôr do sol, ao me lembrar dos tempos difíceis que passamos

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- "Muitas vezes a gente pedia comida para os vizinhos, para poder devolver no começo do mês quando minha mãe recebesse..."

Faço uma pausa e respiro fundo.

- "Quando eu tinha meus 10, 11 anos eu até arrumei um serviço, para entregar panfletos nas casas, mas minha mãe me proibiu de trabalhar. Ela sempre falava que eu tinha que estudar para poder ter um bom futuro."

Paramos perto de uma pedra onde dava para ver o horizonte, Richard se sentou e me fez sentar em seu colo, na areia.

- "Você alguma vez passou fome?"

Ele pergunta me segurando forte pela cintura.

- "Fome nunca, mas comi muitas vezes arroz puro por não ter o que acompanhasse. Depois que minha mãe arrumou o segundo emprego as coisas melhoraram um pouco, pelo menos arroz, feijão e uma mistura nunca faltava."

Termino de falar e sinto beijos sendo depositados em meu pescoço.

- "Minha mãe foi uma mulher batalhadora, mesmos sem estudo e com 3 filhos para criar sozinha. Ela fez tudo que podia, admiro minha mãe, gostaria de ser pelo menos metade da mulher que ela é."

- "O seu pai não ajudava sua mãe?"

Nessa hora me senti agoniada e acabei levantando de seu colo e dei dois passos para a frente, olhando o sol que começava a se por.

- "Não. Nunca!"

Só de me lembrar daquele homem fico com raiva.

- "Até recentemente não entendia o motivo da minha mãe continuar casada com aquele mostro, ele não a ajudava, batia nela, quando ela pedia alguma coisa que ele achava errado, ele obrigava minha mãe a pedir perdão."

Continuo olhando para o horizonte e perco meu olhar nas ondas.

- "Ele sumia por meses... até anos, e quando voltava ela sempre o aceitava, tanto é que agora ela está grávida da minha irmã. Minha mãe não tinha condições nem de colocar comida na mesa para 3 imagina 4 crianças. Ele é um monstro!"

Senti Richard me abraçar por trás.

- "Eu sabia que seu pai era um homem ruim, mas nunca pensei que ele fosse assim, deixar os próprios filhos passarem fome."

Diz apoiando o queixo no topo da minha cabeça.

- "Prometo que nunca vou deixar acontecer isso com você."

Me viro e não falo nada, somente colo meus lábios em Richard num beijo apaixonado. Me sinto segura em seus braços.
Depois deste momento, nos sentamos na areia da praia novamente. Me sento entre suas pernas, apoiando minha cabeça em seu ombro, ele me abraça e ficamos assim vendo o sol se pôr.

...

- Vendida A Um Estranho *.°|Onde histórias criam vida. Descubra agora