Capítulo 22 - Nos braços do amor

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Olá, pessoal. Aqui está o capítulo da semana, Espero que gostem e me deixe seus comentários. Beijos. Farei a revisão depois.

ANNE

O consultório de Gilbert aquela tarde estava calmo, e tudo o que Anne ouvia era o tic tac incessante do relógio que parecia falar por ela, pois no silêncio interior no qual estava mergulhada sua única companhia era a sua própria inconstância emocional.

Na última semana ela oscilara entre alegria e tristeza, sorrisos e lágrimas, momentos bons e ruins , e se agarrara a uma esperança vã de que o pesadelo que vivera tivesse sido apenas um pesadelo, mas, pela primeira vez em meses ela entendia qual era sua real situação, e nenhuma revolta ou raiva mudaria o fato de que Roy Gardner fora o seu algoz.

Ele destruíra sua fé e respeito por si mesma, transformando-a em um joguete em suas mãos, usando sua baixa estima contra ela mesma, e ela fora seu fantoche submisso e omisso, porque permitira que se tornasse uma presa fácil na teia de um homem que a possuíra como um objeto de estimação, e que nunca a amara pela mulher que ela fora.

—  Anne, está me ouvindo? -— Ela levantou a cabeça e encarou os olhos de avelã que a fitavam preocupados, e tentou debilmente sorrir, mas percebeu que falhou em sua intenção quando sentiu uma lagrimas solitária cair sobre seu vestido amarelo de algodão.

— Desculpe-me.—  Foi tudo o que conseguiu dizer antes de olhar para as próprias mãos fortemente comprimidas em seu colo,  como se ali estivesse a solução para todos os seus problemas. A voz clara e forte de Gilbert chegou aos seus ouvidos quando ele disse:

—  O que eu falei sobre pedidos desnecessários de desculpas? Só pedimos desculpas quando fazemos algo de errado, e pelo que me consta,  você não fez nada de errado por aqui. O que me preocupa é a sua relutância em falar sobre certas coisas que te magoam. Como quer que eu chegue até você se não me dá uma mínima pista sobre o que está pensando?-

Anne podia sentir a frustração nas palavras dele, e desejou que não fosse ela a causa desse sentimento, como desejou conseguir não pensar em Roy Gardner naquele momento.

—  Vamos, Anne. Eu sei que é difícil, mas tente se não por si mesma, pelo menos por mim. — Ele tornou a dizer, e ela respirou fundo, tentando tirar de dentro de si alguma palavra de peso que simplificasse suas emoções misturadas e complexas.

— Não sei o que quer que eu diga.

— Qualquer coisa que te tire desse silêncio no qual te afasta cada vez mais de mim e de si mesma.

—  Você sabe como me sinto. — Ela disse por fim. Não era a resposta que ele queria, Anne tinha certeza, mas, pelo menos era o começo de alguma coisa.

— Não, eu posso apenas deduzir como se sente por conta da situação traumática pela qual passou, mas, isso não corresponderia a verdade de seus sentimentos, pois quem os carrega dentro de si é você.— Ela pensou com cuidado no que ele dissera, e tentou trazer aos lábios o nome de algumas da emoções que se agitavam dentro dela, como se estivessem loucamente sem controle.

Capturou uma, talvez a principal delas, a que queimava como ácido, a que a fazia querer gritar para o mundo todo sua revolta, a que fazia detestar a própria impotência diante de um fato consumado que não tinha mais conserto, a que a fazia odiar a si mesma por não ter tido forças para lutar pela sua liberdade antes que tivesse chegado à sua própria ruina.

—  Raiva. — Ela disse, e Gilbert continuou a olhá-la como se quisesse dissecar cada centímetro de sua alma.

Anne sabia que ele conseguiria se ela o deixasse ir mais fundo. A questão era:  deixaria que acontecesse? Era isso que desejava? Permitiria que Gilbert conhecesse sua verdadeira face? Desvendasse cada pensamento seu?

Broken Hearts-  Anne with an eOnde histórias criam vida. Descubra agora