Capítulo 17- O meu coração é seu

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Olá, pessoal. Consegui adiantar esse capítulo também. Espero que gostem e me enviem seus comentários. Vou revisá-lo depois. Obrigada por tudo. Beijos, Rosana.


ANNE

Desenhar ou pintar sempre foram uma distração e tanto para Anne Shirley que quando mais jovem, cada vez que o mundo parecia magoá-la de alguma maneira, era em suas telas que ela encontrava consolo, deixando sua imaginação ir o mais alto que pudesse, curando com cores vivas e alegres cada uma de suas feridas abertas. Porém, naquela manhã, pintar não parecia causar o efeito desejado, pois enquanto encarava a figura do homem em cima de seu cavalo que era a razão de seu infortúnio, ela não conseguia sentir o alivio habitual que sua arte costumava trazer.

A imagem de Gilbert Blythe criada por suas mãos parecia tão viva quanto o homem que dançara com ela no dia anterior, e por mais que dissesse a si mesma que fugir dele fora escolha dela, Anne não conseguia parar de chorar. Cada camada de tinta que acrescentava à pintura, era uma lágrima que rolava por seu rosto ainda assim ela se recusava a desistir, porque então teria que encarar o teor dos seus pensamentos nada satisfatórios no momento. Por que amar alguém tinha que ser tão dolorido? Por que nos livros que lia, não se falava nada sobre aquela sensação agonizante dentro do peito capaz de levar alguém ao mais profundo desespero? Por que ela tivera que se apaixonar por alguém fora do seu alcance justamente agora quando estava começando a abrir as portas de sua mente para um passado que talvez fosse aterrorizante, mas era parte do que ela fora e vivera?

Anne parou de pintar por um instante, e olhou para a sua obra que apenas faltava alguns detalhes para que ficasse pronta. Nela Gilbert parecia tão dono de si, tão incrivelmente poderoso como ela sempre o enxergara apesar de já ter notado uma camada fina de tristeza naqueles olhos que a intrigavam. Até a noite anterior, ela nunca o tinha visto sorrir. Era como se ele fosse gelado por dentro feito um enorme iceberg, não deixando que o que havia do lado de fora feio ou bonito o impressionasse, vivendo em uma bolha de uma solidão fúnebre. Porém, no dia anterior ela descobrira, que ele podia ser intenso como as chamas em uma lareira alimentadas diariamente, e foi ali que ele lhe mostrara o quão impressionante ele ainda poderia ser se ela o deixasse entrar em sua vida, sendo bem mais que um amigo.

A questão era como ela o queria? Porque, Gilbert deixara bem claro como se sentia em relação a ela nesse ponto, mas, desejo físico era o bastante? Ela estaria disposta a conhecer com ele um mundo do qual mal se lembrava? Ela estaria disposta a entregar-lhe sua alma, sabendo que fatalmente a perderia no momento em que se deixasse envolver naquele jogo? Ela não tinha ilusões de que escaparia ilesa de um caso com ele, pois era somente isso que poderiam ter, e era isso que ela o impedira de propor a ela, por medo de não conseguir dizer não. quando as palavras saíssem da boca dele, porque ela descobrira que o amava, e que não era apenas uma atração passageira que acabaria assim que tudo aquilo deixasse de ser novidade.

Ela se sentia viva nos braços dele, não podia negar. Depois de tanto tempo vivendo como uma moribunda esperando por sua morte eminente, ela voltara a sentir, e não pensara que algo além de suas pinturas pudesse fazer isso com ela. Não sabia se conseguiria algum dia usar a arte para falar de seus sentimentos por Gilbert, porque ela nunca retratara algo assim antes. Sua forma de expressão sempre falara da raiva, da tristeza, de um mundo sombrio escondido dentro dela, mas nunca pintara nada relacionado ao amor entre um homem e uma mulher, e não sabia se seria capaz ou se teria talento para deixar que o mundo soubesse que a pintora melancólica também era capaz de deixar-se levar pela fogueira da paixão,.

Anne se sentia dentro de um labirinto construído dentro de sua cabeça que a confundia o tempo todo e que possuía dois extremos, o tudo ou o nada, o preto ou o branco, e o final dele era uma incógnita , pois mesmo que passasse da porta fechada e ganhasse sua liberdade, ainda não teria que lutar para não perder a razão? Estaria presa aquele sentimento, pois o amor não era algo descartável, pelo menos para ela, e por isso que não se permitia pensar em aceitar menos do que tudo. Sim, ela era extremista, sim, ela não sabia dividir, sim, a vida vista pela sua ótica a fazia ser egoísta por desejar tudo de Gilbert Blythe, cada pedacinho dele, cada minúscula partícula, cada suspiro, e se não podia tê-lo dessa maneira, era melhor que se tratassem pelo que eram, pois querendo ou não ela ainda precisava dele para voltar a ser a Anne de antes, talvez em uma melhor versão, mais ainda assim queria ser ela mesma.

Broken Hearts-  Anne with an eOnde histórias criam vida. Descubra agora