Epílogo

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Anne ajeitou o último quadro que seria apresentado na exposição e sorriu ao dar uma última olhada ao redor.

A galeria estava linda, totalmente enfeitada e pronta para receber quem estivesse interessado em conhecer um pouco da sua arte, e mergulhar em um universo completamente abstrato.

Ela relutara um pouco em voltar a expor seus trabalhos, porque tal atividade não lhe trazia boas lembranças, mas Cole insistira durante um ano, principalmente após ver seus últimos trabalhos, dizendo que ela estava pintando melhor do que nunca, e que tanto talento não devia ficar escondido.

Ainda assim, Anne demorara para se decidir, e pesara cada coisa, trazendo para si um pouco do seu passado do qual tinha se libertado a um bom tempo agora, mas que ainda lhe causava certo desconforto quando se lembrava dele. Fora Gilbert que a ajudara a se decidir, fazendo-a ver que não poderia fugir de quem era, pois em seu sangue corria a essência de uma pintora nata, que nascera justamente para encantar pessoas com o seu dom.

E por isso, não podia deixar que fatos desagradáveis de seu passado roubassem dela o que mais amava fazer. Seria uma grande vitória sobre todos os seus infortúnios, se ela mostrasse ao mundo que estava de volta e em pé, e que apesar de todos os obstáculos que tivera que ultrapassar, a vida não tinha conseguido vencê-la.

Assim que ela dissera a Cole que aceitava fazer uma exposição especial, o rapaz começara a trabalhar na divulgação, e usara todos os recursos disponíveis para fazer daquele evento algo de sucesso. Ele contratara um fotógrafo para fazer fotos interessantes dos quadros de Anne, e depois montara um site para expor essas fotos, e dar aos amantes da arte da pintura uma oportunidade de conhecer o trabalho dela antes mesmo de a ruivinha colocar os quadros na galeria, o que foi um sucesso estrondoso.

Assim, o dia da exposição foi marcado e a confirmação de presença foi quase de cem por cento, o que impressionou bastante Anne, pois fazia muito tempo que estava fora daquele mercado, e a lista dos nomes que compareceriam à exposição mostrava muitas pessoas que ela conhecia do seu passado como artista.

Ela caminhou de quadro em quadro, se lembrando que cada um tinha uma história do momento em que o pintara, e era assim que sua arte acontecia, cheia de detalhes verdadeiros, que faziam com que automaticamente as pessoas se conectassem a ela, como se estivessem observando a própria vida ser retratada de forma tão criativa.

Anne deu meia volta, e parou na frente de um quadro especial. Aquele não estava à venda, mas ela o colocara ali por considerá-lo sua obra prima. Era um nu artístico que fizera de Gilbert, tomando cuidado para manter o rosto dele nas sombras como prometera, mas retratando fielmente cada ângulo do corpo dele com perfeição.

Não fora difícil de fazer já que conhecia o modelo intimamente, porém não podia negar que seu marido por si só era uma obra de arte. Não havia uma só parte dele que não amasse ou não gostasse de tocar, e precisara imortalizar seu amor em uma tela como uma homenagem ao homem que a fazia descobrir todos os dias um prazer diferente por estar viva ao lado dele.

Ela suspirou um pouco triste, ao juntar suas coisas e ir para casa se arrumar para a exposição. Gilbert não estaria lá. Ele estava longe de casa a quinze dias, pois seu livro estava fazendo tanto sucesso que as palestras para as quais era contratado aumentara demais, e ele não podia se recusar a fazê-las, mas se falavam todos os dias, e ele não se cansava de dizer o quão orgulhoso estava dela.

Após caminhar por cerca se quinze minutos, Anne entrou em casa. Irina estava com Hannah na sala, e lhe sorriu quando a viu chegar.

-E então? Está tudo pronto para a exposição?

-Sim, espero que nada dê errado. - Anne respondeu, pegando sua garotinha que estava deitada no carrinho de bebê no colo. Hannah estava com nove meses, e sua bochecha rechonchuda dava a Anne uma vontade imensa de beijá-la todo o tempo, e seu cabelo ruivo já tinha crescido bastante e estava na altura dos ombros. Ela era uma réplica da mãe, pois até os olhos azuis eram idênticos aos de Anne.

Broken Hearts-  Anne with an eOnde histórias criam vida. Descubra agora