Capítulo 32- No silêncio da madrugada

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Olá pessoal. Desculpem a demora. Como disse antes, estou doente, e me recuperando aos poucos, por isso estou escrevendo os capítulos mais devagar. Espero que gostem dele e comentem, principalmente nesse momento em que me sinto fragilizada. Obrigada por tudo. Vou corrigir depois.

ANNE

Anne acordou animada com a viagem até a fazenda. Antes mesmo do sol raiar, ela já estava arrumando suas malas, enquanto Gilbert parecia mergulhado em seus próprios sonhos. Ela sorriu ao olhar para o namorado deitado de lado na cama, com seus cachinhos escuros espalhados pela testa, fazendo um contraste interessante com o travesseiro imaculadamente branco. Por ser uma artista, Anne tinha esse hábito de observar a nuance de tudo, as misturas de cores, o que combinava, o que não era tão aceitável em nível de contraste, mas, Gilbert naquele quarto era ele próprio em todos os detalhes. Não havia nada ali que não possuísse a personalidade de seu dono, e às vezes ela até se sentia uma intrusa por invadir um ambiente tão pessoalmente masculino como aquele.

No entanto, também era fascinante fazer parte daquele cenário onde um mundo desconhecido se apresentava a ela, um mundo do qual ela nunca fizera parte antes, porque sempre vivera solitária, e nunca de fato tivera a oportunidade de conhecer muitos homens, ou saber como pensavam ou viviam, e Gilbert era o primeiro com quem tinha a chance de experimentar algo assim tão íntimo. E ela estava amando fazer parte da vida dele, de ir conhecendo-o dia a dia, e descobrindo um milhão de coisas novas sobre ele que a atraiam ainda mais.

Não era apenas o físico perfeito que era um deleite tocar, ou o jeito com que ele a fazia se sentir naqueles momentos mais íntimos que ainda deixava seu rosto corado ao se lembrar de como se entregava a ele sem pudor. Havia mais naquele homem que queria descobrir, mais que queria explorar, e sabia que precisava um pouco mais de coragem para fazer valer sua vontade. Ela ainda estava engatinhando em um contexto que muitas meninas da sua idade já eram diplomadas, e muitas vezes se sentia leiga demais perto de Gilbert que já tinha tanta experiência em relacionamentos para dar e vender, mas, ele não parecia se importar em ensinar a ela coisas que ela não sabia sobre o contato mais íntimo entre um homem e uma mulher, e embora ficasse inibida em muitas ocasiões, ela vinha tentando tomar mais atitude ao invés de esperar apenas que Gilbert a procurasse como mulher. Ainda era difícil deixa-lo saber o que queria, ainda sentia uma dificuldade imensa em ser ela a dar o primeiro passo, mesmo quando Gilbert lhe dava total liberdade para isso. Contudo, Anne estava disposta a aprender e ser finalmente a mulher que ele merecia.

Um sentimento desagradável a fez se lembrar da esposa de Gilbert, mas, logo o afastou. Não queria entrar naquela neura de competição com uma mulher morta, tentando ser melhor do que Ruby um dia fora, porque isso simplesmente não ia funcionar. Ela não estava vivendo com Gilbert o mesmo tipo de relacionamento que ele tivera com a esposa, mesmo porque as circunstâncias que os aproximaram eram totalmente diferentes. Ela queria construir sua própria história com ele, sem ficar se esbarrando no passado a todo momento, pois já tinha suas próprias feridas para curar, e não queria criar outras desnecessárias que apenas lhe causariam mal, por isso, iria aproveitar cada minuto daquela viagem ao lado do homem que a vinha fazendo tão feliz nos últimos dias.

Anne terminou de colocar o último item na mala, e a fechou tentando não fazer barulho. Ainda era muito cedo para Gilbert se levantar, e por esta razão, ela desligou o despertador que ele ajustava todas as noites invariavelmente para a sete da manhã, pois era o horário que ele acordava para se arrumar antes de ir para o trabalho. Ele tinha todo um ritual próprio para isso, que Anne vinha observando todos os dias. Por ser metódico e disciplinado, ele seguia à risca uma lista de coisas que fazia antes de sair de casa. Primeiro, ele tomava seu banho, fazia a barba, passava uma loção para que a pele não se irritasse com o barbeador, depois se vestia cuidadosamente com suas impecáveis roupas brancas, tomava seu café calmamente, escovava os dentes, e tentava de todas as formas domar seus cachinhos rebeldes que se recusavam a ceder mesmo com algumas camadas de gel. Anne nunca falava nada, mas, preferia mil vezes a maneira como eles se enrolavam em volta da cabeça de Gilbert em canudinhos perfeitos, ao invés daquele aspecto molhado que não deixava de ser charmoso, mas, não tinha o mesmo encanto que os fios naturalmente escuros e ondulados do namorado. E por fim, Gilbert estava pronto para o seu dia de trabalho que terminava sempre às cinco da tarde.

Broken Hearts-  Anne with an eOnde histórias criam vida. Descubra agora