Capítulo 68 - O melhor presente do mundo

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ANNE

O vestido era bem simples, longo de cetim verde, e nem de longe lembrava o primeiro que tinha escolhido para o seu casamento com Gilbert, mas era lindo e exatamente como imaginara.

Sua barriga de quase nove meses não lhe dera muitas opções de vestido de noiva, pois todos que experimentara não tinham lhe caído bem, apesar de Diana ter lhe dito que ficaria linda em qualquer um deles, mas Anne não tinha a mesma opinião.

Fora Irina que lhe dissera que não precisava ser um vestido branco, e que hoje em dia, uma noiva podia se casar com a cor que quisesse, fugindo das convenções de que a cor branca era a única aceitável em uma cerimônia de casamento. Por isso, Anne escolhera aquele vestido, e se sentia tão bonita e feliz dentro dele, como se sentiria dentro de um tecido de renda delicado.

Ela nunca fora uma garota comum, então, por que não fugir à regra e fazer o que tinha vontade? Não precisava da aprovação ou aceitação de ninguém, a não ser de Gilbert, e ele a apoiava em tudo cem por cento.

Nos últimos meses, viver ao lado daquele rapaz tinha sido um sonho. Livre de seus demônios interiores, ela fechara a porta de seu passado definitivamente, e se permitira ser amada em toda sua plenitude. Gilbert era o homem perfeito, daqueles com quem se sonhava a vida toda, e que se pensava encontrar apenas nos livros, porém, ela pudera comprovar que um homem assim existia sim na vida real, e ela tivera a sorte de encontrar o melhor de todos.

Ela sorriu para si mesma ao pensar em tudo o que ganhara de presente nos últimos meses. A casa deles já estava pronta, pois Gilbert se empenhara pessoalmente em terminá-la a tempo para o casamento que aconteceria naquele mesmo dia. Ela voltara a pintar com a mesma paixão de antes, com mais criatividade, e com uma paz de espírito que não lembrava de sentir em anos.

Finalmente, Anne conseguia enxergar a si mesma como era. Uma garota que passara pelo inferno, e que se transformara em uma mulher forte e dona de sua própria vida. Gilbert ainda era seu alicerce, seu anjo salvador, seu maior apoio. Mas ela entendera com o tempo e muita terapia, que podia apoiar em si mesma também, sem depender totalmente de outra pessoa.

Era capaz de tomar suas próprias decisões, sem esperar que Gilbert lhe dissesse o que fazer como antes. Era lógico que sempre discutia com ele os prós e os contras de uma situação, mas era sempre ela que tinha a palavra final, e isso ia lhe mostrando que amadurecera muito em seu processo de autoconhecimento. Anne estava feliz, e era a primeira vez em toda sua vida que podia dizer isso em voz alta. Nunca mais deixaria que nada lhe roubasse isso, pois era sobre essa felicidade que edificava seu mundo agora, junto a Gilbert e junto a garotinha que logo seria parte daquela família que amava tanto.

Como se percebesse que os pensamentos de sua mãe eram sobre ela, Hannah se mexeu, fazendo Anne colocar as mãos na barriga e sorrir ainda mais.

-Olá, querida. Não vejo a hora de ver seu rostinho. Mas agora não falta muito, não é?- a ruivinha disse, com aquela ansiedade normal de mãe de primeira viagem.

A primeira vez que Anne ouvira o coração de sua garotinha bater no pré-natal, ela chorara feito criança. Era inacreditável a resistência daquele anjinho, que vivera as experiências mais difíceis junto com sua mãe, e sobrevivera. Anne também pensara que não sairia viva de seu último encontro com Roy Gardner, mas apesar de tudo o que ele fizera para aniquilar seu espírito, ela provara ser muito mais forte.

Anne olhou para o espelho de corpo inteiro que havia no quarto de Diana, e admirou sua figura elegante. A amiga tinha insistido para que ela se arrumasse ali, pois não queria que o noivo a visse antes da hora, o que Anne considerava uma bobagem, mas quis fazer-lhe a vontade.

Broken Hearts-  Anne with an eOnde histórias criam vida. Descubra agora