Capítulo 40- Erva daninha

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Olá, pessoal. Espero que gostem desse novo capítulo. Essa semana foi dura, e acabei atrasando na postagem do capítulo, mas aí está. Obrigada por tudo. Beijos. Espero pelos comentários.

ANNE

O primeiro dia de trabalho de Anne na clínica prometia ser um dia especial, pois o sol que brilhava lá fora era de aquecer o coração, e a sensação de bem-estar que tomava conta da ruivinha naquele momento ao observar a vista estonteante do lado de fora do apartamento, a deixava extremamente otimista para a nova fase que estava se iniciando.

Ela estava recomeçando, e o sentimento de liberdade que sempre quisera alcançar finalmente estava caminho. Como as borboletas que sempre estiveram em seus quadros, ela estava abandonando o seu casulo e deixando que o mundo finalmente a visse como era, e ela nunca se sentira tão bem consigo mesma.

Por um instante, ela fechou os olhos, e deixou que seus sentidos a guiassem como se pudesse enxergar a si mesma em outra dimensão. Anne não sentia mais a escuridão em seu coração, embora a ansiedade pelos novos dias que viriam ainda perdurasse. Ela estava dando passos cada vez mais largos rumo a um futuro que ainda não sabia o que lhe reservava, a não ser a certeza do amor de um homem que transformara sua vida em uma sequência de segundos coloridos, cheios de música, de carinhos trocados entre um beijo e outro, e um paixão imensa sempre saboreada por baixo de lençóis de seda , em peles ardentes que nunca cansavam de se tocar.

Aquele era um momento importante, de Anne , sua alma e coração. Ela que pensara que tinha perdido tudo, e que não havia um caminho de volta de onde ela se enterrara durante meses, agora descobria tantas possibilidades de ser feliz. Ela voltara a pintar como antes, embora não pretendesse expor suas criações tão cedo, mas não fora para mostrá-las ao mundo que começara naquele tipo de arte, e sim para contar uma história que era escrita dentro de si que em palavras nunca conseguiria dizer. O sucesso fora uma consequência em parte boa e em parte ruim, porém, ela nunca conseguira realmente lidar com a popularidade que ganhara depois que seu trabalho se tornara conhecido. Talvez ela devesse se sentir grata pelas oportunidades que tivera, pois seu talento lhe rendera uma vida confortável do lado de fora, porém, miserável demais do lado de dentro. Se não fosse por seu reconhecimento como artista provavelmente Roy nunca teria se aproximado dela, e então ela seria tão somente a professora de literatura durante o dia, e durante a noite usaria seu dom apenas como um alívio para suas tormentas interiores.

Entretanto, agora poderia canalizar sua habilidade com os pincéis em outra área que não fosse a de exibir seus trabalhos para o mundo. Ela instruiria outras pessoas a fazerem o mesmo que ela de maneira produtiva, sem deixar que seus demônios dominassem o que lhes restava de sua mente sãs. Anne já estivera do outro lado do espelho, e poder se ver de forma objetiva e sem romantizar nenhum detalhe , era uma benção e tanto.

Ela costumava pensar que sua vida seria como um romance trágico, como naqueles livros de Shakespeare que lera na faculdade. Uma vez ela encenara Otello para seu trabalho de conclusão de curso, e assim como achara o final triste, também achara romântica toda a história dos protagonistas, porém, nunca pensara que encontraria o amor verdadeiro nessa vida, pois com todo o seu histórico de abandono, finais felizes não faziam parte de seu destino. No entanto, Gilbert mudara a direção e seus sonhos, mostrando-lhe que era possível reconstruir sua existência em cima de alicerces novos e fortes, e ao segurar na mão dele enquanto se afogava em seu negro desespero, ele restaurara sua fé em si mesma.

- Celebrando consigo mesma?- ela ouviu aquela voz deliciosa dizer, e sorriu mesmo antes de abrir os olhos, porque sentir Gilbert tão perto, guiando-se apenas por um de seus sentidos, a fazia perceber que reconheceria aquele timbre em qualquer lugar, mesmo que estivesse perdida no meio da escuridão.

Broken Hearts-  Anne with an eOnde histórias criam vida. Descubra agora