Capítulo 9- Da Escuridão à luz

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Olá, pessoal. Espero que gostem do capítulo e comentem. Obrigada. Beijos



Anne

Ela chorava sem conseguir conter uma lágrima sequer. A janela do quarto estava fechada, e a temperatura que reinava ali era quente demais, mas Anne não parecia senti-la, pois seu corpo estava frio, seu coração estava gelado, e sua alma tão negra quanto a noite.

Mais lágrimas rolaram caindo sobre o desenho que ela fazia, borrando os traços perfeitos deixando sobre a folha de papel uma mancha escura. Ela então o amassou, e o jogou no chão, fazendo-o se juntar a milhares de outros que tinham tido o mesmo destino naquele dia. Então, ela recomeçou tudo outra vez, traço por traço quase obcecada pelo que estava fazendo. Seu nariz escorreu, ela fungou alto, outra lágrima caiu, e ela a enxugou com a manga da sua camisola. Um soluço escapou por entre seus lábios silenciosos até então. Ela tentava não pensar em Gilbert, mas seu coração chamava por ele, porém, era um chamado solitário, porque ele não viria dessa vez.

Fazia exatamente cinco dias que não saía daquele quarto, pois se trancara ali depois que vira Gilbert pela última vez, e nem mesmo para suas refeições essenciais ela saía.

Irina notara seu estado, mas não lhe fizera perguntas. Ela entendia que Anne passava por um processo delicado, e por isso, não a enchia de questionamentos tentando descobrir o que estava acontecendo como seria do padrão normal, e Anne se sentia agradecida por isso.

Mesmo em seu estado de depressão crescente, a garota ruiva percebia que Iriana a tratava com cuidados de mãe e não como enfermeira, e isso a fez querer chorar mais ainda

Ela não conseguia se lembrar de sua mãe biológica, e sempre que tentava puxar pela memória um rosto em particular, era o de Marilla que lhe vinha em primeiro lugar, então desistia, porque se cansava daquilo com facilidade, e pensava que talvez não se lembrasse porque provavelmente não a havia conhecido,e fora deixada no orfanato ao nascer.

Isso não era algo que a aborrecesse no momento, porque tinha que lidar com uma caixa inteira de sentimentos, e a figura materna não era o que a preocupava no momento.

Anne parou um instante para observar o seu desenho finalizado e pensou que nunca algo representara tão bem como estava se sentindo por dentro. Ela desenhara um jardim inteiro de rosas negras, borboletas negras, um coração negro, e por último um anjo de asas negras tão triste quanto ela.

Aquela escuridão toda representava suas emoções inconstantes como se estivesse se afundando em uma onda negra de sofrimento e não tinha forças para lutar contra aquilo sozinha.

O rosto de Gilbert surgiu em sua cabeça, e ela respirou fundo. Anne parara de procurar por ele nos corredores da clínica, e como não abrira mais a janela, ela não via mais quando ele chegava para trabalhar. Ela sentia falta de se sentar no jardim enquanto era observada por ele, sentia falta das sessões de terapia, e a maneira como ele parecia se importar com o jeito como ela estava se sentindo, e como era bom ser abraçada por ele mesmo que isso não tivesse significado nada para Gilbert além de um consolo para uma paciente em crise.

Ela fora louca de acreditar que ele gostava dela, e por isso, ela lhe era especial. Ela fora apenas mais uma paciente de quem ele se cansara de tratar, e por isso, a jogara no divã de outro psiquiatra.

Se ele não pretendia continuar cuidando dela, por que lhe dera a impressão de que poderia salvá-la? Por que criara em sua cabeça a ilusão de que ele a ajudaria a atravessar aquele imenso deserto de lembranças que ainda fazia parte de sua mente, se não pretendia sequer tentar?

Broken Hearts-  Anne with an eOnde histórias criam vida. Descubra agora