Capítulo 11- Perfeitamente errada para mim

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Olá queridos leitores. Estou postando mais um capítulo dessa história e espero pelos seus comentários para que eu possa saber se o enredo está agradando a vocês. Me desculpem pelos erros ortográficos. Muito obrigada por tudo. Beijos.

ANNE

A chuva caia incessantemente naquela manhã de quinta-feira seguindo o ciclo ininterrupto da estação mais encantadora do ano. Sentada em sua escrivaninha com lápis e papel na mão, Anne desenhava, e em alguns momentos seus olhos se perdiam nas gotas de chuva que batiam na janela, fazendo-a pensar em lágrimas cristalinas como as dela, lágrimas que caiam do céu que parecia chorar por ela.

Ela passara os últimos dias em uma ânsia frenética em descobrir mais coisas sobre si mesma, e um lampejo de consciência aqui e ali ia se costurando como um daqueles tapetes de retalhos que Marilla costumava fazer na fazenda, sentada em sua máquina antiga de costura com seus olhos cansados auxiliados por óculos de graus, que não deixavam que ela perdesse sua maravilhosa habilidade em criar coisas tão delicadas e lindas com seus dedos já tão calejados.

Naquela semana ela conseguira se lembrar de algo sobre sua infância, ou pelo menos ela imaginou que poderia ser outra parte de si mesma trazida pelo vento de seu esquecimento temporário. Ela estava em uma casa grande, e brincava com vários tipos de brinquedos enquanto uma garota a observava atentamente. Anne não sabia dizer se aquela garota tinha algum parentesco com ela, mas era nítida a afeição entre as duas. Talvez ela fosse sua irmã mais velha, uma prima ou uma amiga de sua família, e se o que estava imaginando fosse verdade, isso queria dizer que não estava tão sozinha no mundo quanto imaginara.

Passada a euforia da descoberta, ela sentiu o manto da tristeza descer sobre ela novamente, e dessa vez não tinha a ver com seus lapsos de memória ou sua incapacidade de se livrar das vozes sozinha sem que fosse auxiliada por calmantes específicos para isso.

Sua melancolia tinha a ver com um certo médico que vinha povoando seus pensamentos demais, e a certeza de que seus sentimentos por ele tinham alcançado um nível bem maior do que uma relação entre médico e paciente a estava deixando desgostosa com a situação. Especialmente depois que ele lhe dissera que não podiam continuar tendo certo tipo a de intimidade. uma vez que isso comprometia sua posição como médico dela, e o pior de tudo, era que ele tinha uma namorada. Ela pensara que não teria como se sentir mais magoada, mas ser rejeitada quando oferecia todos os seus sentimentos mais sinceros em uma bandeja de prata chegara ao auge da decepção.

Anne colocou o lápis de lado, e afastou uma longa mecha de seu cabelo que lhe atrapalhava a visão no momento, pensando em como fora boba ao imaginar que havia entre ela e Gilbert uma conexão genuína, ou que ele gostasse dela de maneira especial. Odiava admitir que se deixara levar por suas fantasias de príncipe encantado. Não era mais criança, e no entanto, agia como se fosse. Em quantos absurdos se podia acreditar quando a mente estava disposta a pregar peças. Gilbert com certeza era um príncipe, mas não especificamente o seu.

Porém, ouvi-lo dizer que tinha uma namorada não fora o bastante para que ela parasse de pensar nele. Prova disso era os desenhos que fizera dele depois daquilo. Gilbert lhe servira como modelo para toda a sorte de ideias, porém ela mantinha todos eles escondidos dentro do seu armário, porque não queria que ninguém soubesse desse segredo. Ela se sentia envergonhada ao pensar em como se atirara nos braços dele em todas as oportunidades, e o pior era que ele não a repelira nenhuma vez. Estava brincando com seus sentimentos, ou Gilbert sentira pena da garota ruiva solitária e perdida? Quais fossem as razões, aquilo tinha que acabar. Não podia mais se jogar para cima dele daquela maneira sabendo que Gilbert pertencia a outra mulher.

Ao pensar nisso, suas feições se endureceram, mas imediatamente ela notou a inutilidade daquele pensamento. Anne não tinha direito de ficar zangada, porque Gilbert nunca lhe prometera nada. Ele apenas a consolara com alguns beijos que lhe eram totalmente proibidos, mas que foram o bastante para enredá-la em seu feitiço. O que fazer para escapar daquele fascínio pelo Dr. Gilbert Blythe seria outra questão a qual deveria se dedicar dali para frente. Seriam apenas médico e paciente e nada mais

Broken Hearts-  Anne with an eOnde histórias criam vida. Descubra agora