Broken Hearts- Anne with an e

Capítulo 44- Broken hearts

Olá, pessoal. mais um capítulo postado. Espero que leiam e me deixem seus comentários. Beijos, Rosana

ANNE

Era mais um amanhecer na cidade de Avonlea, cuja beleza do céu nas primeiras horas do dia lembrava aquelas fotos de cartão postal que enviamos para os amigos em viagens de verão, ou que guardamos como relíquia em nossos álbuns familiares.

Alheia ao encanto da manhã, que com certeza lhe inspiraria mais uma obra de sucesso, Anne mexia com uma colherinha seu café com leite sem muito interesse. Ela mantinha a cabeça inclinada como se pensasse profundamente em uma questão difícil, enquanto seus olhos exibiam um brilho um tanto opaco que se conservavam dessa maneira a dias.

Suspirando profundamente ela colocou a colher de lado, empurrou sua xícara de café para longe de si, e fixou seu olhar em seu anel de noivado, que a fazia pensar que se antes a fizera tão feliz em ter aquela joia singela em seu dedo anular, agora parecia pesar uma tonelada com a carga que carregava nos ombros.

Ela nunca pensara que aprenderia a mentir e a fingir com tanta facilidade, como vinha fazendo nos últimos dias. Gilbert não merecia essa sua traição, mas não encontrara outra maneira de esconder como andava se sentindo, pois sabendo das feridas que seu noivo também carregava, Anne não quisera tornar o fardo dele maior, deixando-o preocupado com algo que não lhe pertencia.

O temor era dela, suas lembranças eram apenas responsabilidades suas, e a voz que ouvia com tanta nitidez dentro de sua cabeça também era uma criação sua, e ninguém deveria ser obrigado a conviver com ela a não ser Anne que tinha um crime moral com o qual lidar.

O passado estava de novo batendo em sua porta, e quando pensara que o tinha deixado trancado dentro de um velho baú, o qual ela não tinha nenhuma intenção de abrir nunca mais, ele se materializava na forma de um fantasma que estava morto a tempos, mas que voltara a perseguir Anne com suas garras idosas.

Ela se lembrava agora da morte de Roy, e do colapso nervoso que a acometera. Depois de quase um ano de um bloqueio mental que ameaçara destruí-la interiormente, ela foi pouco a pouco reconstruindo o passo a passo de seu antigo relacionamento com a ajuda de sua terapia, porém, chegara ao ponto crucial sozinha, sem sequer mencioná-lo ao Dr. Benson, guardando para si mesma aquilo que ela considerava um pecado seu.

A morte de Roy pesara dentro dela por meses, como se fosse chumbo, deixando-a tão desnorteada que Anne se sentia sendo carregada para o túmulo junto com o ex-namorado, e tal sentimento durara até o dia em que dentro da loucura de uma mente enfraquecida pela depressão, ela tentara tirar a própria vida. A escuridão nunca fora tão grande dentro dela como naquele dia, em que ela sentira que só a morte a arrancaria daquele terror que não a deixava dormir à noite, com o se o próprio Roy estivesse lhe dizendo que sua culpa somente seria expiada se ela perecesse como ele.

Gilbert fora o único que ouvira a voz do seu desespero, e compreendera que o pássaro aprisionado dentro dela precisaria de incentivo para se libertar de suas algemas douradas. Essa compreensão talvez se dera, por conta do próprio peso do passado que ele também carregara por mais tempo ainda que Anne. Ele limpara suas feridas, curara cada uma delas com seu amor, e lhe dera infinitas possibilidades para ser feliz. E pela primeira vez ela se sentira uma borboleta como a de seus quadros, voando por um infinito infindável onde somente encontrara cor pelo caminho. O tempo de prantear suas dores tinha passado, e Anne descobrira que sorrir não era tão difícil quando Gilbert segurava em sua mão.

Foram dias incríveis, cavalgando nas asas de uma alegria nova que lhe era totalmente desconhecida em seus recém completados vinte três anos de vida, que duraram tão pouco, mas que lhe deram o fôlego necessário para se reerguer, fincar seus pés no chão, recuperar seu amor próprio, e sua percepção de que era bem mais do que a garota sombria, que escondia por trás de seus quadros sua personalidade martirizada por traumas do passado.