Capítulo vinte

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30 dias para a nomeação do novo líder do clã do Sol.

...

Hinata suspirou.

A sua frente, estavam dispostas todas as suas jóias. Colares, brincos, enfeites de cabelo, pulseiras, braceletes, anéis, tiaras...tudo que se podia imaginar, de todas as cores existentes. Desde sua infância ela havia sido mimada daquela forma; tudo feito sob medida pelo artesão exclusivo da família Hyuuga. As vezes ela se sentia mal por ter tantas jóias, parecia exagero; logo depois, ela encomendava uma nova.

Na verdade, era exatamente aquilo que ela estava fazendo.

—Penso não ser adequado usar uma jóia que já tem, senhorita Hinata. Seria uma honra preparar algo exclusivo para sua nomeação —O joalheiro ao seu lado já devia estar repetindo aquilo pela terceira ou quarta vez. Ele era um homem alto e magro, vestindo uma máscara negra que cobria todo seu rosto, deixando nada para imaginação. Seus cabelos escuros eram presos num rabo de cavalo baixo, e nada mais que isso Hinata sabia sobre ele.

Seu pai confiava nele, ele era de um clã de artesãos distante, nunca andava armado, nunca mostrava o rosto. Parecia suficiente.

—Eu acho que já tenho tantas coisas... —A herdeira suspirou. —Mas...

O artesão emitiu um som que soou animado.

—Mas?

—Ficaria feliz se fizesse algo especial para a nomeação, sim. Prata, ou ouro branco e...ametista.

—Uma combinação belíssima —A voz do homem sorria. Ele caminhou até seus pertences juntados em uma mala, e dali retirou um bloco de desenho e um lápis. A velocidade com a qual ele desenhou um rascunho surpreendeu Hinata; dos dedos ágeis surgiu o desenho de uma tiara com cristais e uma lua centralizada, com arabescos e detalhes elegantes. Logo abaixo, ele também deixou desenhado brincos com pingentes quase exagerados, e um colar.

Hinata mordeu os lábios, desconfortável.

—Eu tenho um colar exatamente como esse.

—Não mais, senhorita. Você costumava usá-lo dia e noite. Temo que o tenha perdido.

Ela franziu o cenho e encarou o rascunho. Odiou a ideia de discutir mais daquilo; seu colar estava perdido, e era uma relíquia, um dos presentes mais caros e especiais que havia ganhado de seu pai.

—Está ótimo, faça-o assim, senhor...?

—Artesão, senhorita. Sou apenas um artesão sem nome.

Ela pendeu a cabeça para o lado, confusa, e riu fraco, concordando.

—Tudo bem então, senhor artesão.

[...]

—O artesão me comunicou que você escolheu as jóias da nomeação.

—Sim, otou-san. Eu estava meio indecisa sobre adquirir mais jóias, mas o evento pede por algo especial —Hinata murmurou em resposta, enquanto escrevia frases perdidas em um diário antigo. A sua frente, seu pai estava assinando papéis que pareciam não ser muito importantes, já que ele apenas deslizava os olhos pelos títulos antes de assinar. Seus olhos perolados tinham uma profundidade assustadora, muito mais que qualquer escuridão; as vezes, ela sentia medo, e saudade de ver bondade nos olhos dele, como quando era criança, ou como quando sua mãe ainda era viva.

—Claro... —Ele fez um silêncio hesitante. —Se sua mãe estivesse aqui, ela saberia te ajudar melhor. Não tenho a mínima experiência com...bem, com tudo o que envolve feminilidade.

HantaiOnde histórias criam vida. Descubra agora