Capítulo trinta e seis

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Algumas semanas depois...

27 dias para a nomeação da nova líder do clã da Lua.

[...]

O vento forte balançou os galhos da árvore, levando consigo inúmeras das florzinhas lilases. Murchas e despedaçadas, elas se acumularam no chão junto das outras, bem aos pés da herdeira.

As glicínias floriam o ano todo no clã, mas isso não as impedia de perder suas flores no Outono; elas lutavam bravamente contra a natureza, desabrochando os botões dia e noite. Isso resultava na aparência atual das ruas e da floresta: uma imensidão de lilás abarrotando cada canto que seus olhos pudessem ver.

Incluindo o túmulo de Hiromi Hyuuga.

Hinata chutou as pétalas e folhas em seus pés, apertando o casaco que usava contra seu corpo enquanto seus olhos liam repetidas vezes as palavras gravadas na pedra clara, a pequena dedicatória fúnebre, os arabescos de Luar.

Soltou um longo suspiro, olhando para cima.

Sua mãe havia sido enterrada logo abaixo de uma árvore grande, e seus galhos envolviam o túmulo tal como um mausoléu de flores, um dos motivos pelos quais não levavam buquês a ela. Ela já tinha mais do que o suficiente. Em compensação, costumavam prestar presentes fúnebres como frutas, velas aromatizadas ou ervas.

—Oi, mãe.

Sua voz ecoou, baixinha e tímida. Uma brisa fria cortou seu rosto enquanto se ajoelhada perante a pedra polida.

—Desculpa ter demorado pra vir...mas você deve saber que eu estava ocupada —Sorriu pequeno, murmurando; —Eu vou fazer dezenove anos em pouco tempo. E... —Abriu a própria mão, encarando o anel reluzente que usava. —Estou noiva. É, eu sei, parece que eu finalmente fiz algo que o clã não vai compreender muito fácil...mas eu ainda vou manter a parte de lutar pelo meu marido. Ou quase-marido.

Os galhos farfalharam junto do riso contido de Hinata, que afastou uma mecha do cabelo negro para trás da orelha, continuando;

—Você amaria ele. Ele me faz esquecer de todas as coisas ruins quando me abraça, e me faz lembrar de todas as coisas boas quando me beija. Quando estamos juntos, mãe, eu não sinto medo, nem tristeza, nem ódio...eu só sinto amor —Mordeu os lábios, fechando os olhos. —Ele é engraçado, as vezes até meio besta. Mas ele me faz muito feliz. Muito. Acho que eu precisava disso...de alguém que me fizesse lembrar todos os sentimentos que eu supri durante esses anos. Eu nunca pensei que tinha esquecido como era amar de forma abstrata, amar sem saber explicar só...só amar. Como eu amei você. Como eu amo a Hanabi, e o Neji...eu achei que esse era um sentimento ruim, que iria me atrapalhar em ser uma boa líder.

Esfregou suas mãos contra suas bochechas. Estavam meio molhadas.

—Mas é muito bom sentir isso, mãe. E eu agradeço por ele ter lembrado isso a mim —Fungou, se sentindo meio idiota por ser tão sentimental. Mas afinal, era isso que estava agradecendo. Não era um ponto negativo. Era um ponto bom; sua mãe havia sido assim. E agora, ela tinha duas partes: A bondade e a compaixão da mãe, e a garra de guerreira do pai. —Desculpa. Eu prometi que não ia chorar...

—Até parece que a mamãe acreditou nisso.

Hinata desviou o olhar, encontrando Hanabi ali. Tentou limpar o rosto rápido, mesmo sabendo que sua irmã não se importaria com tal coisa.

Os cabelos longos estavam presos em um coque baixo, e ela usava um vestido longo e um casaco pesado por cima, com botas nos pés. Hanabi estava com as bochechas cheinhas e redondas, rosadas pelo frio, e as mãos delicadas estavam pousadas sobre o ventre estufado; essa foi a primeira coisa que Hinata comentou.

HantaiOnde histórias criam vida. Descubra agora