Capítulo vinte e um

769 87 45
                                    

29 dias para a nomeação do novo líder do clã do Sol.

.                .                 .                  .

A madrugada caía sobre o clã da Lua. E a herdeira, mais uma vez, estava na janela de seu quarto, contemplando a beleza de suas terras antes de fugir.

Seus olhos perolados estavam tristes. O dia anterior havia sido cansativo; seu corpo continuava aceso, mas sua mente estava desgastada. Cada vez mais o medo de suas responsabilidades atingia seu coração, e a culpa que corroía suas entranhas não ia embora nem em seus sonhos.

Só havia uma parte do dia que ela conseguia esquecer tudo.

—Por favor, funcione... —Sussurra ao deslizar os dedos pela madeira da janela. A moça respira fundo, e fecha os olhos, limpando sua mente.

A única coisa em que pensa é a Floresta as glicínias. Especificamente, na Grande Árvore; ela visualiza os galhos enormes se estendendo até onde sua visão acompanha, o brilho das flores lilases, o chão coberto de terra negra e grama, as raízes aparentes e fortes.

Um puxão estranho sobe de seu estômago até sua garganta, e depois, ela sente como se todo seu corpo fosse sugado para dentro de si mesma. A sensação é sufocante, mas boa, como um frio na barriga muito forte.

Quando a sensação lhe abandona, ela sente seus pés cravados em uma fina camada de neve, fofa e gelada.
Então, ela abre os olhos lentamente, apenas para vislumbrar com um sorriso a paisagem ao seu redor; não estava mais em seu quarto. Mas, tampouco estava na floresta das glicínias.

Ela olha em volta, e nota que está atrás de uma casa, dentro da aldeia da Lua; por sorte tudo está silencioso e escuro. Ela se encosta mais uma vez contra a parede de uma casa, fechando os olhos com força.

Respire fundo. Visualize.

A sensação volta a puxar todo seu corpo; ela tenta visualizar com toda sua mente a sombra dos galhos da Grande Árvore. É fácil pensar nas flores brilhantes e na neve branca e brilhante, mas imaginar a sombra é um pouco mais abstrato; nunca paramos para admirar uma sombra.

Mas a herdeira se esforça.

Não achava que mesmo após algum treinamento conseguiria viajar uma distância daquelas em uma viagem só; já esperava dificuldade, e precisou de 4 saltos pelas sombras para finalmente chegar ao seu destino; em frente à Grande Árvore.

Ela suspira aliviada, olhando para si mesma e custando a acreditar que estava inteira (tinha quase certeza de que seu estômago tinha ficado em sua janela), por sorte, tudo está nos conformes: suas calças pantacourt pretas, sua sandália, sua blusa lilás, sua espada embainhada. Até mesmo seu cabelo, preso numa trança, está bem arrumado; o lenço lilás escondendo o topo de sua cabeça está intacto.

Com um sorrisinho, ela confirma que seus brincos também estão ali. Naruto não precisava saber, mas a peça delicada em roxo e preto em forma de lua crescente era uma jóia de ametista e ônix, herdada de sua tataravó.

—Esperando alguém?

Ela se vira rapidamente na direção da voz. Sequer toca sua espada, porque sabe quem é; com as mãos no bolso, Naruto exibe um daqueles sorrisos que remetem a ela os heróis bonitões de todas as histórias românticas que havia lido quando era mais jovem. Bem, talvez ele só não tivesse o senso de moda de um herói bonitão; naquela noite, vestia uma jaqueta laranja e uma bermuda de moletom preta até os joelhos, com uma sandália preta bem fora de moda. Com aquele look nada chamativo, deu pra notar que a bainha dele era diferente; Hinata estreitou os olhos.

HantaiOnde histórias criam vida. Descubra agora