Capítulo dezesseis

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Hinata saltou por cima de um muro. O barulho dos seus pés afundando na neve gelada era um tanto acolhedor, bem diferente da sensação horrível que a temperatura baixa causava em si.

Estava nevando, e o ar frio cortava as bochechas da herdeira. O tom rubro em seu rosto poderia ser lindo, se não fosse doloroso; obstinada, suspirou, e seguiu seu caminho, usando sua espada para remexer a neve no chão e cobrir as suas pegadas. A vila silenciosa, sua casa escura, o céu totalmente negro sem uma estrela sequer; tudo parecia estranhamente quieto e sombrio. Mas ela não se importou.

A floresta das Glicínias surgiu rapidamente a sua frente. A imensidão de árvores lilases tratou de acalmar Hinata; não havia nenhuma paisagem que a deixasse mais calma que aquela. Era como se a floresta acolhesse sua alma. 
Respirou fundo, seus lábios tremendo antes que desse mais um passo a frente.

E foi nesse momento que sentiu uma lâmina fria contra seu pescoço.

—Ah, Hinata-sama, o que minha lady da Lua faz por aqui? —A voz profunda causou arrepios na moça. Ela conhecia perfeitamente aquele timbre amargurado.

—Sasuke-san —Mesmo ameaçada e sofrendo pelo deboche do Uchiha, ela usou um tom solene. —Presumo que saiba estar cometendo um crime com pena de morte.

Ele emitiu uma risada seca.

—Quanta hipocrisia, princesa. Não é você quem se encontra para ficar de amassos com o nascido do Sol?

Diferente do que o homem pensou, não houve silêncio, choro ou hesitação. A herdeira levantou a espada e se virou tão rápido que ele não teve o que fazer. Se afastou em posição de defesa, notando o brilho perolado intenso nos olhos alheios e as veias salientes ao redor dos olhos.

Ela estava usando o Byakugan.
O Uchiha sentiu seu coração bater mais rápido, enchendo seu corpo de adrenalina.

—O que você quer, Sasuke? —O tom doce havia sido abandonado. Ela exibiu sua face mais séria.

—Que bom que você não gosta de enrolações, princesa —Riu malicioso, terminando; —Eu quero você.

As mãos de Hinata falharam em segurar a espada por segundos, mas ela recuperou sua força;

—Eu? Até parece. Fale a mesma língua que eu, Uchiha. Ou quer que eu acredite mesmo que é o tipo de homem doente de amor?

—Sempre astuta, minha princesa.

Não sou sua princesa —Retrucou enfezada. Pela primeira vez podia analisar a verdadeira dimensão do poder de seu olho puro: Ela podia enxergar cada ponto vital de Sasuke. Cada um chamava ela de maneira diferente, como se gritassem para serem acertados fatalmente. Ela engoliu um sorriso soberbo.

—Ainda não. Mas quando eu me casar, minha amada esposa não vai querer tomar as rédeas do clã. Ela é só uma mocinha fraca e que não quer se meter em guerras... —Sibilou sonhador, o sorriso sombrio estampando seus lábios. Os olhos cor de ônix brilhavam de maneira mal; —E, por assim dizer, eu serei o líder. Como sempre deveria ter sido. Ou, eu conto a todos agora mesmo que a princesa Hinata está de encontros com um nascido do Sol.

—Não seja dramático, Sasuke. Tudo isso é rancor? Seu clã ameaçou nossa existência e planejou um golpe bem embaixo do nosso nariz, eram mestiços e não podiam conviver conosco naquele pé de guerra. Fizemos o que foi  necessário. Não há necessidade para todo esse drama a essa altura do campeonato.

—Você fala como seu pai —Cuspiu com nojo, encarando a herdeira.

—Eu sou filha dele, afinal de contas —Levantou a espada na altura do rosto. —E não há dificuldades em repetir a verdade. Supere isso, ou vai morrer com esse rancor.

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