Quando os Deuses se fizeram presentes na Terra, não pensaram muito sobre quantos milênios faziam desde a última vez que tinham se encontrado. Até porque, sabiam muito bem como havia sido a tal última vez.
Continuavam tão opostos quanto antes. Ainda usavam dourado e preto, um sorridente e outro sério, um com a luz escorrendo pelos cabelos e um com estrelas salpicadas sob a pele. Prosseguiam diferentes demais para se misturarem. Ainda eram muito distantes, bons apenas se estivessem separados. Mas o silêncio os ajudou a compreender que precisavam lidar com aaquela situação com...harmonia.
EQuando finalmente se olharam, foi Sol que falou primeiro;
—Pensei que intervenções não faziam parte de profecias.
—Se fosse o caso, não estaríamos aqui —Lua nunca havia sido muito doce com as palavras, isso estava longe de ser a maior desavença entre eles. Traçaram caminhos contrários bem ali, cada um em uma direção, sabendo muito bem o que fariam.
Afinal, a harmonia entre eles nunca necessitou de proximidade.
Sob o estender de um dedo, os guerreiros largaram as armas no chão num segundo ensurdecedor. Sob o movimento do mesmo, sangue retornou para dentro das feridas, e vida para dentro dos cadáveres. O cheiro pungente do prado foi sumindo, pouco a pouco. Do lado oposto, Lua bufou, olhando por cima do ombro.
—Como pode ser tão exibicionista?
Sol abriu um sorriso de canto, sem responder. Com um floreio da mão, colocou todos de joelhos, paralisados na direção do monte. Era de fato muito importante que todos testemunhassem aquele momento, ele faria questão de garantir isso.
O tempo descorria rápido para os Deuses, mas lento para todos os outros; os olhares se demoravam neles, as expressões se formavam lentas, as realizações vinham após muitos segundos. Lua aproveitará da sessão de "todo poderoso" de seu oposto para discorrer certa atenção na cena sangrenta que os levará até ali. Estava plantado sob a Terra, quieto, apenas vendo.
O jovem do Sol estava ajoelhado, os olhos escuros pelo luto, os dedos sob a ferida da Princesa. Tanto sangue escorria que ele parecia tão ensopado quanto ela, abraçados firmemente sob uma poça carmesim. Pouco a frente, o Pai segurava a espada manchada entre os dedos pálidos, o olhar horrorizado e opaco na direção do corpo da filha. O Irmão ainda segurava o ombro do Pai, a espada jogada no chão.
—Digno de uma tragédia —Murmurou, os passos sendo puxados na direção D'ela. Cabelos escuros como a noite, olhos de luar perdidos na imensidão da morte, pele pálida de marfim. —E que tragédia...
Deslizou os dedos pelo ar, como se palpasse a pele d'Ela. O jovem do Sol ainda rezava baixo, implorando e implorando sem parar. Os lábios dele formavam as palavras lentamente;
"Por favor, por favor, por favor..."
—Eu não quero ver isso, se está esperando por mim —Sol murmurou, ainda de costas para a Tragédia. Seus cabelos de ouro cobriam parte da expressão sombria. —Faça-o.
—Você sempre perdeu toda sua essência para ela.
Sol ficou calado. Lua apenas soltou um riso amargo, estendendo a mão e percorrendo os dedos pela ferida da Princesa. O sangue escureceu, secando, diminuindo, sumindo pouco a pouco, e a pele seca se fechou sob o poder. Milhares de pontinhos brilhantes costuravam a derme, como estrelas explodindo e juntando-se em novas galáxias; ele sabia muito bem as regras daquele jogo, e portanto, uma cicatriz grossa se formou bem ali.
A pele curada era mais escura e irregular, quase um brutal sacrilégio contra a beleza etérea d'Ela. Ao mesmo tempo, era a veracidade pura, poder destilado.
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Hantai
RomanceO clã do Sol e o clã da Lua são eternos opostos, rivais naturais, destinados a se odiarem, não importa quanto tempo se passe. E por conta disso, o herdeiro do clã do Sol, Namikaze Naruto, tem a leve impressão de que estar vivendo um romance com a f...