Nostalgia

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Os meses se passaram arrastados, sem levar embora a tristeza do término que o casal sentia e sem diminuir a vontade que tinham de estar uma com a outra. Os sonhos durante a madrugada torturavam o coração das jovens, agarradas ao travesseiro, forçando-se a dormir mais uma vez. O auge da loucura da paixão. Insônia.
Dani que antes era a compreensão em pessoa, passou a ser uma bomba relógio, prestes a explodir por não conseguir avançar o sinal com Santana. Já havia esperado demais, tentado demais e nada da outra parte, não sabia o que fazer para que Santana a desejasse também, - porra, de novo - bufava e saia porta afora, para não explodir. Os olhos castanhos se mantinham fechados, o corpo gelado e a respiração pesada, uma das recorrentes maneiras que Santana passou a ficar com frequência. Dani segurava seus seios e seu corpo já não obedecia aos comandos.
Durante uma festa (social) dos amigos de Dani, Santana bebia uma dose de tequila, virando de uma só vez, jamais imaginou encontrar Brittany ali, uma infeliz coincidência, e o pior, beijava a mesma garota do dia da Starbucks. Seu coração doía a cada amasso que ela fitava e então puxou Dani para dentro de um quarto aleatório, trancando a porta e a beijando rudemente. Tirou a própria blusa e Dani não acreditava em sua atitude, - finalmente - aproveitou e arrancou a sua e partiu para a calça da menor, a tirando também, Santana só pensava nos beijos que Brittany estava trocando com uma garota qualquer na sala, e se encheu de tequila para esse próximo passo com Dani.
Dani chupou o sexo de Santana com tanta vontade, sem nenhum cuidado que a outra sentiu dor, porém, nenhuma dor ali era maior do que a do coração partido, e seguiram os chupões, dedos e Dani gozou finalmente, deixando seu corpo cair em cima da morena, que tinha lágrima nos olhos. Estava feliz por transar com Santana, enquanto Santana, só queria sua casa, um banho e sua cama para desabar.
Brittany também fez sexo aquela noite, dentro de seu carro, o mais sem sentimento que já tivera, não deixou a parceira tocar nela e se odiou por segundos ao provar o líquido de outra garota que não fosse sua Sant.
Términos servem para se refletir no erro cometido, no que se pode evoluir e melhorar, e em alguns casos, abrem suas asas para voar mais alto. Mas nesse caso, o término só estava sendo uma merda, porque nenhuma das duas ainda tinha se dado conta do tamanho do amor que sentiam e nos erros que deveriam corrigir para seguir em frente: Juntas !
Orgulho demais. Quem daria o braço a torcer ? Quem iria procurar primeiro ? Enquanto isso não acontecia, se despedaçava o coração em camas sem calor, em sorrisos sem felicidade, em beijos sem paixão.

*

Mais um dia começou, Santana desligou o celular para não precisar atender Dani durante todo o dia, queria ficar sozinha, precisava respirar ar sem ter que dividi-lo com a namorada que passou a grudar nela como sombra. Colocou um vestido leve preto aberto dos lados e seguiu rumo ao parque que Brittany a pediu em namoro, estendeu o corpo na grama e fitou o azul do céu, - saudades de você, olhos azuis - pronunciou baixinho, mais para si. Respirava fundo e soltava o ar dos pulmões, passou os dedos pela grama, sentindo a brisa no rosto, tendo a sensação de liberdade.
Sentou-se com os braços envolta dos joelhos e fitou os casais passeando, alguns correndo, crianças brincando, famílias fazendo piquenique, e sentiu o coração acelerar quando viu Brittany correndo, sozinha, hábito que começou a ter após o término, para aliviar as ideias, como gostava de dizer. Um sorriso de lábios brotou na face de Santana e seu corpo agiu levantando-se, chegando mais perto e observou agora em um banco a outra dar a volta. Imaginou ela, Brittany e... filhos? É, talvez filhos, todos eles juntos em um piquenique gostoso de domingo.
Nem se deu conta por quanto tempo permaneceu com os olhos fechados imaginando toda a cena, mas a voz que soou de fundo, a fez abrir os olhos instantâneamente.

- Não sabia que você ainda frequentava esse parque - Brittany falou sentando ao seu lado.

- Eu também não sabia que você frequentava aqui - seus olhos fixaram nos azuis.

- Venho todos os dias... gosto do que sinto quando estou aqui

- O que sente ?

- Amor

- Sente amor quando está aqui ? - indagou

- O que você faz aqui ? - Brittany desvencilhou-se da pergunta, não queria ter que dizer que pensava em Santana e ela ali, juntas, casadas e com filhos. Mal sabia, que esse também fora o pensamento da outra.

- Eu... Eu precisava respirar. - os olhos castanhos fitaram o chão, seus ombros tomaram uma posição cabisbaixa e ela prendeu o choro. Não iria nunca chorar na frente da ex.

Brittany percebeu o jeito como sua paixão estava, e não pensou em Dani, em passado, em palavras amarguradas, simplesmente em nada, apenas a segurou pela mão e a fez segui-la até uma árvore grande, sentou-se no chão e a puxou em seguida, fazendo Santana sentar de costas para si em suas pernas, aconchegando a outra ali e falou em seu ouvido.

- Não pense em nada Sant... apenas feche os olhos e permaneça assim. Sinta.

Colocou um fone na orelha miúda da morena e outro na sua, sintonizou na música Drop Everything - Barcelona e a abraçou, ouvindo o início da melodia, acariciando os braços, arrepiando os pêlos de Santana enquanto sua boca cantava trechos da música em um cochicho.

" What would you do if you weren’t afraid?
We could drop everything, drop everything, run away ... "

Santana começou a sentir os olhos encherem d'água a cada segundo que percorria, o cheiro da loira tão colado em seu corpo, não sabia o que a fez aceitar estar naquela posição e daquela forma com Brittany, não poderia recusar, não conseguiu dizer nada. O amor falou mais alto, o coração bateu mais forte.

" I can see she’s headed for a tragedy. I wanna save the girl ... "

O mundo foi esquecido durante os 4:31 de melodia, e agora as duas deixavam lágrimas escaparem, rolando pela face, despertando o jovem casal. Brittany abraçou Santana com toda a saudade que estava sentindo antes dela se levantar, e dizer que aquilo não poderia mais acontecer, afinal, ela ainda estava namorando e era errado toda a situação, apesar de ter sido maravilhosa. Muito, muito maravilhosa. Virou-se apressada indo embora, deixando Brittany ainda sentada atônita a tudo, com os olhos azuis triste, vendo mais uma vez seu amor ir embora. - Eu te amo, Sant .

Santana chegou em casa atordoada, os últimos minutos foram intensos demais, com saudades demais, amor demais. - Isso não pode mais acontecer. Não pode - repetia para si, jogando-se na cama, precisava ficar longe de Brittany para esquecê-la, sorte que a faculdade estava no fim, depois seria sua residência e ela escolheria o hospital Sloan, já que Brittany com certeza iria para o hospital West, aonde era desejo dos pais. Essa era a meta e agora, precisava focar.

Anatomia do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora