Capitulo XXXVI

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Dominic

Meu pai havia saído para jantar com a Raquel, que claramente era sua filha preferida, não o julgo, ela com certeza sempre será melhor que eu, um exemplo de aluna, filha e mulher. E eu sou grato por ela não se espelhar em mim como pessoa. Porque ela com certeza estaria fodida.

Então ficamos minha mãe e eu, comendo canelone de ricota com espinafre e conversando sobre assuntos diversos. Pelo menos com ela posso ser eu mesmo, sem que ela me deprecie com comentários maldosos. Embora sejamos um pouco distantes, nos damos relativamente bem. Exceto quando ela acha que tem o direito de tomar decisões por mim. Ou quando age como se eu ainda fosse uma criança.

— Você ainda está envolvido com aquela garota qualquer, Nati? — Ela deposita o garfo em seu prato e toma tempo para me analisar.

— É Tati — reviro os olhos. — E não, eu não estou mais com ela.

— Ótimo, não quero mais ter a desagradável surpresa de vê-la em minha casa novamente.

Eu a encaro, levando a última garfada de comida à boca. Não entendo a razão pela qual ela está tocando nesse assunto, só trouxe a Tati para sua casa uma única vez e fazem meses. E devo confessar que foi uma atitude desastrosa, Helena foi grosseira durante todo o curto tempo que a garota aguentou ficar.

— E quanto a Rebeca? Eu realmente gostei dessa garota, educada e bem vestida, exatamente o tipo de nora que sempre quis.

— Mãe... — suspiro irritado, um pequeno sorriso surge em seus lábios quando, sem querer, pronuncio essa palavra. — Somos só amigos.

Uma amiga que eu fodo.

Inclusive, ela me ligou hoje — comenta, encarando a comida com desinteresse.

Engasgo e rapidamente alcanço o copo de água, bebendo todo o líquido, me esforçando para não tossir a água em cima da mesa. Helena surtaria.

— Como ela conseguiu seu número? — questiono desconfiado. — E o que ela disse?

Ela levanta os ombros.

— Ela parecia querer dizer algo, creio que tenha ficado tímida, mas tivemos uma longa conversa que me fez repensar algumas coisas — seus olhos me encaram com uma expressão indecifrável.

Me levanto em um pulo, preciso falar com ela, preciso saber o que está havendo. Não fiz questão de perguntar que coisas eram essas, eu iria perguntar diretamente para a Rebeca, ela não iria ligar para minha mãe apenas para bater um papo, elas sequer são próximas.

Deposito um beijo rápido em sua bochecha e me afasto, apressado para questionar essa garota imprevisível e entender toda essa situação.

— Meu filho...

Eu me viro para encará-la, confuso com o tom carregado de emoção em sua voz sempre tão fria. A passos lentos e tímidos ela se aproxima, alcançando minhas mãos e as agarrando-as entre as suas. Congelo com sua atitude desconcertante, me sinto incomodado com sua aproximação, mas não a afasto.

— Eu... será que... que um... — Ela interrompe a própria fala diversas vezes, piscando com força, como se estivesse em uma luta interna. — Um dia você poderia me perdoar?

Um arrepio desconhecido percorre meu corpo e desvio meu olhar para longe dela, sentindo como se tivesse acabado de receber um golpe forte em minhas muralhas internas.

Ela não tem o direito de me fazer sentir isso.

— P-pelo o quê? — gaguejo, ainda não conseguindo encarar seus olhos.

ConsequênciasOnde histórias criam vida. Descubra agora