Capítulo XXIV

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Aviso: Esse capítulo contém conteúdo sexual explícito.

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"Estou parada no olho da tempestade
Pronta para encarar, morrendo para provar esse doce calor doentio." - Not afraid anymore

Todas as vezes em que minha mãe vem ao meu quarto me dizer que meu pai está me chamando, dificilmente significa algo bom. Suspiro e me direciono ao seu escritório, fechando a porta atrás de mim e me aproximando de sua mesa.

- Sente-se, minha querida - Papai parece estranhamente feliz.

Ainda hesitante lhe obedeço, sentando-me na confortável poltrona posicionada em frente à sua mesa de mogno. Alguns papéis estão organizandos sobre ela, ao lado de suas canetas douradas, que custaram uma pequena fortuna.

Ele me observa serenamente, com suas mãos unidas sobre a mesa e a postura sempre impecável.

- Estava conversando com sua avó, Cassandra. - começa, abrindo um pequeno sorriso. - E ela me disse que estava morrendo de saudades.

Meneio a cabeça para que ele prossiga. Eu também sinto uma enorme saudade dos meus avós. Mas eu não estou conseguindo decifrar aonde exatamente ele quer chegar com esse assunto.

- E isso me fez ter uma boa ideia - diz casualmente. - Acho que poderia terminar seus estudos em São Paulo e assim você passaria um pouco mais de tempo com seus avós.

Respiro profundamente, sentindo aquela velha desconfiança brotar novamente, deixando-me completamente irritada. É bem nítida sua intenção com essa proposta.

- Isso é porque se importa com minha avó, ou é uma tentativa desesperada de me afastar do Nick? - questiono, mas já certa de sua resposta.

- Vocês se tratam por apelidos? - questiona desconfiado, e eu imediatamente me arrependo do que disse. - Eu espero muito que você esteja obedecendo minha ordem de ficar longe dele.

Seus olhos me analisam atentamente e eu engulo em seco. É uma merda quando ele me encara assim, porque parece que ele tem o poder de ler minha mente. Mas graças aos céus, ele não tem.

- Depois da forma como você o tratou naquele jantar, a última coisa que ele quer é ser meu amigo - minto, desviando meus olhos novamente para os seus papéis.

Eu estou começando a me tornar o tipo de pessoa que sempre detestei, uma mentirosa. E não saber aonde esse monte de mentiras e escolhas erradas vão me levar é assustador. Embora eu quase sempre tenha feito escolhas ruins para a minha vida.

- Confia em mim quando digo que ele não seria uma boa influência para você - Ele segura minha mão carinhosamente sobre a mesa. - Eu vivo para te proteger, Rebeca.

Sinto um leve aperto em meu peito, tocada por suas palavras.

- Você não pode me proteger de tudo e nem para sempre - murmuro, nesse momento, me sinto a pior pessoa do mundo por estar mentindo para ele.

- Mas farei o que puder enquanto eu viver.

Desvio meu olhar para nossas mãos unidas, sentindo o desconforto queimar dentro de mim. E eu não consigo pronunciar uma palavra sequer, culpada demais para ousar dizer algo em defesa do Nick, ou qualquer outra coisa.

De repente, ele afasta suas mãos das minhas e sua expressão se torna um pouco mais séria.

- Vou retirar seu castigo, mas em troca quero que prometa que irá pensar sobre isso e também que nunca mais sairá sem nos avisar, entendido?

Ainda surpresa com sua mudança repentina de ideia sobre o meu merecido castigo, apenas consigo balbuciar um obrigada. E, obviamente, minha opinião sobre ir morar com meus avós nunca mudará, eu não vou.

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