Capítulo XXXV

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A casa de Alice era muito maior do que imaginei que seria, seus pais não estavam e a única pessoa na casa além dela era seu irmão mais novo, Jonas, por quem eu, quase que imediatamente, senti empatia. Ele tinha doze anos, foi o que me disse durante a longa conversa descontraída que tivemos enquanto esperava o restante do grupo chegar, eu tinha sido a primeira.

A anfitriã sequer direcionou uma palavra a mim, seus olhos permaneciam concentrados na TV, nada de interessante estava sendo transmitido, mas ela parecia achar qualquer coisa mais interessante que conversar comigo.

Meu celular vibrou em meu bolso e eu interrompi a conversa com Jonas para checar do que se tratava.

Jessy: Vem pra minha casa, baby.

Eu: Estou na casa da Alice, vou depois que terminar aqui.

Jessy: Credo, boa sorte aí, te espero.

Estava tão distraída com meu celular que não percebi a aproximação de Alice, sentando-se do meu lado e colocando uma perna sobre a outra. Me viro para encará-la, a confusão estampa meu rosto. Para quem sequer me direcionou um olhar até agora sua aproximação é altamente suspeita. Noto que Jonas já não está mais na sala.

— Então, Rebeca — Ela começa, checando suas unhas, desinteressada. — Você e Dominic estão juntos?

Engulo em seco com sua pergunta nada despretenciosa. Será que ela sabe de algo? Talvez Eduardo tenha lhe contado.

Em dúvida, escolho me fazer de desentendida.

— Não, por quê? — Minha voz soa levemente trêmula.

Seus olhos me analisam por um momento e um sorriso arrogante surge em seus lábios pintados de rosa claro.

Ela não sabe.

— Eu pedi o número dele e ele disse que em outra situação ele teria me dado, mas que agora não podia — desdenha. — Então pensei que era porque estavam se pegando.

Sua revelação me deixa momentaneamente aturdida e incrédula, minhas bochechas estão queimando e eu desvio meu rosto para que ela não perceba o provável rubor.

— N-não, a gente não... não estamos... — gaguejo nervosa.

Sentindo meu coração descompassado, torço as mãos em uma tentativa de aplacar o nervosismo.

— Então você poderia me passar?

— O quê? — questiono confusa.

Ela reviro os olhos, irritada.

— O número dele, tonta.

Solto uma pequena risada, talvez soando um pouco arrogante, assim como ela.

— Se ele não quis te passar, não sou eu que vou fazer isso.

Ainda comemoro internamente o fato de ele ter dito a verdade sobre nossa exclusividade.

— Você é uma vadia mesmo, aposto que é apaixonada por ele e por isso não quer me passar — acusa. — Coitada, deve sofrer porque ele jamais se interessaria por alguém como você.

Reviro os olhos e decido não respondê-la, se eu cair em seu joguinho, provavelmente ela irá desconfiar de que realmente há algo entre nós dois, então prefiro deixá-la acreditar que sou apenas uma garota apaixonada e não correspondida. Um nó se forma em meu estômago ao pensar que parte disso não é tão inverdade assim.

Não demorou muito para que o resto do grupo chegasse, nós nos reunimos em sua sala de estudos particular, ri internamente ao pensar que provavelmente ela mal era usada pela Alice, me questionei internamanente como alguém como ela pôde ter sido eleita representante de sala, quero dizer, ela certamente é inteligente, mas a única coisa que a vejo fazer é se jogar em cima dos garotos.

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