Capítulo XXXII

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Dominic

Finamente estamos quase em maio, o tempo parece estar voando, o que me deixa tremendamente feliz. Esse ano decidi que levaria os estudos mais a sério, não pelas ameaças do meu pai, mas simplesmente porque não quero ter que repetir mais um maldito ano escolar.

- Você me colocou em maus lençóis, seu otário - Felipe resmunga, batendo minha porta de entrada. A educação realmente não é o algo que ele saiba praticar.

- Do que está falando? - Me ajeito no sofá, passando as mãos pelo rosto para disfarçar minha expressão de cansaço.

- A Jessy... Você por acaso disse para ela que as anfetaminas eram minhas? Queria livrar sua cara sujando a minha?

Merda. Eu pedi para que a Rebeca ignorasse o que viu, ela não parece o tipo de garota que é fofoqueira, então prefiro acreditar que tenha outra explicação para que a informação tenha chegado aos ouvidos de sua amiga.

- Rebeca tinha encontrado nas gavetas, ela automaticamente pensou que eram suas e eu só disse para ela não se meter.

Levanto os ombros como um pedido de desculpa, sua expressão não parece das melhores.

- Você nem fez questão de dizer que na verdade eram suas? Tem ideia da confusão em que me meteu com a Jessy?

Reviro os olhos, ultimamente ele está agindo de forma insuportável por causa dessa garota.

- O que você falou para ela?

- Eu disse a verdade, que é você quem se entope dessas porcarias.

- Você o quê? - Me levanto, cerrando os punhos com força. - Que filho da puta, traiu nossa amizade por causa de uma mulher? Você por acaso contou que também usa essas "porcarias"?

- Raramente faço uso e eu não ia deixá-la pensar que sou um viciado como você - cruza os braços sobre o peito, como se estivesse coberto de razão.

Antes que eu possa me controlar levanto meu punho e o levo em direção ao seu rosto, desferindo um golpe certeiro em sua bochecha.

Felipe cambaleia e instintivamente leva a mão ao rosto, tomado pela dor. Ele estava pedindo por isso, colocando uma garota que conheceu há pouco tempo acima da nossa amizade. Imbecil.

- Ok, eu mereci isso - Levanta as mãos defensivamente. - Se isso te tranquiliza, eu a fiz prometer que não contaria nada a sua garota.

Como se aquela tagarela fosse deixar de contar algo a sua própria amiga. Felipe está tão cego que parece não perceber as idiotices que faz e como está fodendo com a minha reputação.

- E por acaso contou para ela que é um adepto da erva? - zombo, não escondendo o quão irritado estou.

- Jessy é muito mente aberta, ela não concorda com meu estilo de vida, mas respeita. Você deveria dizer a verdade para a Beca.

A forma como ele se referiu a ela, pelo seu apelido, deixa-me ligeiramente incomodado. Volto a me sentar, fugindo de seu olhar, a última coisa que desejo é que ele note meu incômodo.

- Ela não vai lidar bem, se tivesse visto sua reação quando encontrou essa merda.

- Me diz uma coisa... Você está gostando dela?

- Que porra de pergunta é essa?

Não é a primeira vez que ele faz essa pergunta e definitivamente não é a primeira vez que fujo dela.

- Se você está com tanto medo de dizer a verdade é por alguma razão, você sempre diz para as garotas com quem fica, menos para ela.

Eu queria dizer que tudo o que falou é apenas besteira, mas ele tem razão, ela é a única para quem não tenho coragem de mostrar a verdade. Ela não parece o tipo de garota que queira um fodido como eu.

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