Capítulo XV

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"Estamos nos dirigindo para um desastre, eu posso sentir isso." - sun goes out

Me ajeito na cama ficando meio sentada, percebendo que, definitivamente, ele está bêbado. Sua voz soa grogue e arrastada.

- Você está bem? - pergunto não escondendo minha preocupação.

- Você... você pode me buscar? Eu não posso dirigir nessa situação... caralho - Sua voz se afasta do celular e ele parece resmungar algo com alguém.

Espero na linha por um tempo até que ouço sua respiração próxima ao celular novamente.

- Por que eu? - resmungo frustrada. - Cadê seu amigo?

- S-sei lá, fodendo com a sua amiga em algum lugar. - responde impaciente, a voz rouca e lerda. - Você pode vim, ou não?

Solto um longo suspiro. Tenho certeza de que irei me arrepender disso. Plena certeza.

- Onde você está?

Ele me passa o endereço, que anoto rapidamente na minha pequena agenda azul. E não posso evitar a surpresa ao descobrir o quão distante isso é da minha casa. No mínimo uns quarenta minutos de carro.

- Você pega o meu carro e me leva para minha casa - sua voz parece tão baixa que tenho que me esforçar para entender o que está falando.

- Não tenho carteira de motorista, Nick! - digo apavorada com sua ideia maluca. Embora eu saiba dirigir porque Jessy me ensinou, não sou louca de sair por aí dirigindo, ainda mais não tendo completado a maioridade.

- N-não se preocupe, já é madrugada e nenhum policial vai nos parar. - Ele definitivamente não tem o menor juízo.

- De maneira nenhuma! - contesto. - Eu vou até aí e voltaremos de uber.

- Não vou deixar meu carro aqui nem fodendo.

Suspiro derrotada, discutir com alguém bêbado é idiotice.

- Quando eu chegar aí nós conversamos sobre isso.

Agora a missão é: Sair de casa sem que meus pais notem, o que é relativamente uma missão fácil, graças ao fato de eles sempre irem dormir cedo. Então, provavelmente, eles já estejam em um sono pesado demais para acordar com os pequenos ruídos que sem sombra de dúvida irei fazer. Penso no trajeto cuidadoso que irei traçar enquanto tiro meu confortável baby doll. Visto uma calça jeans escura, sapatilhas e uma blusinha preta de manga longa, a noite parece estar um pouco mais fria do que costuma estar no verão, talvez seja o meu nervosismo brincando comigo. Pego minha carteira em cima da penteadeira e checo minhas economias, tudo ok, tenho dinheiro o suficiente para o uber, não importa o que Dominic tenha dito, eu o levarei para casa e será da maneira correta.

São meia noite e quarenta e sete quando consigo finalmente atravessar a portaria, o motorista já me espera, cumprimento o senhor grisalho que aparentar ter uns cinquenta anos e seguimos o caminho em silêncio, enquanto rezo internamente para não ser sequestrada.

O bairro em que ele está não se parece em nada com o lugar onde eu cresci e vivi minha vida inteira. O fato de Dominic frequentar festas no subúrbio é algo que me deixa surpresa. Paramos em frente a uma casa murada, com um portão branco onde se pode ver todo o movimento da festa. Pago o motorista e me aproximo do portão, levanto minha mão para bater, mas ele se abre antes que eu faço isso. Alguém provavelmente notou minha chegada e o abriu, é sempre assim em qualquer festa jovem de qualquer classe, qualquer pessoa desconhecida pode entrar. A única regra é se divertir.

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