"Eu disse que não sentia nada, amor, mas eu menti." - Call out my name
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Percebo meu pai encarando nossas mãos unidas com uma expressão raivosa, quase com desprezo. Então me dou conta de que ele, provavelmente, não gostou do Dominic, o que me faz pensar que sua atitude é completamente equivocada, dado o fato de que ele sequer teve tempo de conversar o suficiente com Nick para formar uma opinião sólida.
Nick se senta ao meu lado na mesa, nitidamente mal humorado. O jantar rapidamente é servido e nós começamos a comer em um silêncio confortável, até que, como esperado, papai resolve ser o primeiro a quebrar o silêncio.
- E então, Dominic, não é? - papai começa. - O que você planeja fazer depois do ensino médio?
Olhando de um outro ângulo, parece até que ele está fazendo uma pergunta casual, que qualquer um faria. Mas eu sei muito bem que isso é mais um de seus interrogatórios e Nick parece perceber isso também, porque pude ouvi-lo soltar um suspiro pesado.
- Ele vai gerenciar uma de nossas joalherias e, quando estiver mais maduro, todos os outros negócios - Luís responde por ele.
Lanço um olhar para o garoto ao meu lado, que sequer levanta seus olhos do prato à sua frente, sua comida permanece intocável. É nítido que aqui é o último lugar em que ele gostaria de estar, isso só faz com que eu me sinta ainda pior.
- Isso é excelente, mas pela sua expressão não parece ser algo que ele queira, estou errado? - Papai questiona, olhando fixamente para ele.
- Não, não está - Nick responde curto e seco.
- Você tem tatuagens? - ele pergunta, com os olhos fixos em seu pescoço, onde uma pequena parte de seus desenhos estão à mostra. - Quando era jovem sempre quis fazê-las, mas meus pais me ensinaram que era coisa de marginal, então eu cresci com essa opinião.
- Prefiro ser um marginal do que a porra de um passarinho preso na gaiola - Nick retruca, antes de levar à boca uma garfada do risoto de frutos do mar.
- Olha essa boca, Dominic - Seu pai o repreende.
Papai me lança um olhar estranho e eu engulo em seco, confirmando com todas as letras que ele odiou Dominic. Meu pai nunca foi meio termo, ou ele admira, ou simplesmente odeia alguém. E visto a sua expressão, tenho a certeza de que ele agora não é o maior simpatizante do garoto de cabelos escuros ao meu lado.
- E então, vocês são religiosos? - Helena pergunta de repente, se dirigindo a ninguém em específico.
Não entendo sua pergunta aleatória até reparar na cruz dourada pendurada em seu pescoço fino.
- Católicos não praticantes - Minha mãe sorri forçado, tão desconfortável quanto eu com a atitude ridícula do meu pai.
- Você, diferente de Dominic, parece uma moça muito bem educada - Luís elogia, me analisando de uma maneira intimidadora.
Me remexo desconfortável no assento, profundamente incomodada com a forma que seu pai parece sempre querer criticá-lo. É a segunda vez que o vejo direcionar ofensas disfarçadas ao Nick. No final das contas, ele realmente tinha razão, as aparências enganam. E eu, no mundo em que vivo, não devo me esquecer disso.
- Ela é uma boa garota, faz doações à ONG's e dedica um pouco do seu tempo aos menos favorecidos - Papai me exibe, todo orgulhoso.
Nick me encara, visivelmente surpreso. Eu não sei quase nada sobre sua vida e ele menos ainda sobre a minha. Mas essa é uma coisa que pretendo mudar, se ele me deixar entrar.
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Consequências
Teen FictionRebeca tem um futuro brilhante pela frente, mas todos os seus planos são postos à prova quando um novo e peculiar aluno resolve aparecer para confundir o caminho que ela já acreditava estar traçado. Dominic, o garoto misterioso, consegue despertar n...