Capítulo XII

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Depois do que parece ser um século, alguém finalmente resolve quebrar o desconfortável silêncio que se instaurou entre nós.

— E então? Ele é o cara? — Jessy olha para Nick esperando sua resposta, é nítido que ela está surpresa com a beleza deslumbrante do garoto de cabelos cacheados, que na mesma medida em que é belo, é um babaca convencido e safado. Exatamente o tipo de cara por quem ela costuma se apaixonar.

— Eu sei, sou ainda mais lindo do que você imaginava. — Felipe insinua com um sorriso de lado, o que me faz querer revirar os olhos. 

— Charme barato não funciona comigo. — Ela retruca, e como eu já havia percebido, ser tratado com indiferença só atiça seu ego.

— Gostei de você. — Sorri e lança-lhe uma piscadela. — O que você acha de tomar uma bebida comigo? 

— Pode ser. — Ela responde, tentando parecer inabalável, mas é perfeitamente claro que está babando por ele.

Dominic sutilmente agarra minha mão, não posso evitar a surpresa e a onda eletrizante percorrendo ao redor de onde sua pele encosta na minha. Ele me guia até uma mesa de sinuca onde um monte de homens a rodeia, a maioria parece ser tão jovem quanto nós, enquanto alguns parecem ter o dobro da nossa idade. Fazendo um gestão com a mão, Nick faz com que todos se afastem da mesa. Ele parece ser respeitado aqui, talvez seja pelo fato de seu amigo ser o dono do local.

— Quer jogar? — Se vira para mim, esperando minha resposta. Nesse momento, tão próximo, posso ter a noção exata do quão incrivelmente ele é mais alto do que eu. 

— Eu não sei jogar sinuca. — dou de ombros, sem saber o que realmente dizer ao seu pedido inesperado. 

— Eu posso ser seu professor. — sugere e em seus olhos posso ver uma pequena faísca de malícia brilhar, como se passasse por sua mente muito mais coisas do que sua boca ousa dizer. Talvez seja só minha paranoia.

Ele pega um taco e me entrega outro, fico parada observando sem saber qual será meu próximo movimento, sem nem sequer saber como manusear o taco.

— Deixa que te ajudo — Ele se aproxima perigosamente, se colocando atrás de mim. Ao longe, sentada no bar ao lado do Felipe, minha amiga me observa com uma expressão que tenho quase certeza de ser deboche. Engulo seco, me concentrando na presença sufocante em minhas costas.

Depois de me explicar as regras básicas do jogo, suas mãos se colocam sobre as minhas e fecho os olhos rapidamente, tentando me manter concentrada.

— Se inclina e estica seu braço esquerdo. — Obedeço de forma um tanto desajeitada. — Estique sua mão na mesa e deixe a ponta do taco em cima do seu indicador e entre seu polegar, mire na bola e impulsione o taco com seu braço direito.

Segurando firmemente suas mãos nas minhas ele impulsiona o taco fazendo com que a bola branca bata certeiramente e encaçape a bola vermelha. Não sei se é a excitação por entender e achar divertido como funciona a sinuca, ou se é por estar tão nervosa com sua presença, o fato é que, de alguma maneira, eu acabo encostando rapidamente minha bunda nele quando tento me levantar, exatamente aonde não deveria. O arfar que escapa de seus lábios, tão próximos da minha orelha, faz com que uma corrente de arrepios percorra por meu corpo. 

— M-me desculpe. — Tenho certeza de estar completamente rubra, queria poder sair correndo daqui.

Pela minha visão periférica posso notar um lindo e grande sorriso perdurar em seu lábio, achando graça no meu constrangimento.

— Não se desculpe por isso. — sussurra com a voz rouca.

Balanço a cabeça um pouco atordoada, sem compreender a profundidade do que essa frase realmente significa.

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