Capítulo VI

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Eduardo está andando em minha direção e parece um pouco afobado. Eu não esperava que ele fosse se aproximar tão cedo de mim depois do que houve na festa em minha casa. Eu achei que ele mostraria um pouco de dignidade depois de levar uma vergonhosa bofetada minha.

— O que você quer? — Indago ríspida, me sinto mal apenas pela sua presença.

— Aquele cara, é sério? — Balança a cabeça rindo sem humor. — Qual é? O cara parece um vagabundo.

— Igual a você? — vocifero já perdendo a paciência com seu cinismo descarado. — Afinal, o que você tem a ver com isso?

Por um breve momento ele parece perder sua pose de convencido, mas logo trata de esconder e volta a me encarar com o olhar cheio de malícia, ainda supondo que tem algum domínio sobre mim. Coitado! Quase tenho vontade de rir. Vendo que não irei receber resposta alguma, viro-me para continuar meu trajeto, mas sua mão em meu braço me força a encará-lo. Solto-me imediatamente.

— Quero... quero que você me desculpe pelo o que aconteceu lá na festa. — sussurra envergonhado, ele consegue ir de arrogante à cão arrependido em segundos.

Uma gargalhada involuntária escapa de meus lábios. Não é engraçado. Mas eu não sou uma pessoa que esquece as coisas, não quando essas coisas me machucam.

— O quê?! Te desculpar? Você me diverte Edu — zombo, encarando seus olhos friamente.

— Isso não é uma piada — esbraveja. A irritação e desespero dele fazem com que eu me sinta satisfeita. É o mínimo que ele merece.

— Pra mim é. Não te desculpo, me deixe ir agora. — Viro-me e caminho lentamente em direção a saída, sentindo-me vitoriosa.

— Sempre guardando rancor não é Rebeca?

— Sempre — respondo sem olhá-lo. Eu não estou mais disposta a ser a garotinha frágil e boba que acreditava em tudo que esse idiota dizia. Ele não está realmente arrependido. Disso eu tenho certeza.

Respiro fundo várias vezes, o nervosismo é quase esmagador.

Mas consegui.

Consegui finalmente colocar um ponto final em toda bagunça que restava dentro de mim. Agora que estava interessada no Nick nada do passado pode afetar-me mais. No entanto, sei que Eduardo não é do tipo de garoto que desiste fácil das coisas, não importa se ele está ou não errado, ele é sempre insistente. O caminho de volta para casa é silencioso, mas não pude deixar de notar os olhares preocupados de meu pai em minha direção. Esforço-me para usar minha melhor expressão de paisagem, não estou com cabeça para contar tudo o que me afligiu apenas no primeiro dia de aula. Se meu primeiro dia foi tão intenso assim temo pelo que me espera em todos esses dias que ainda faltam para findar o ano. O celular vibra em meu bolso. É uma ligação de Theo.

Rebeca você tem o número daquele cara esquisito? — indaga a contra gosto. — Não é para mim tá? A chata da Jessy quer o número de todos para marcar os ensaios. — Explica rapidamente.

Cara esquisito? Ele tem nome Theo — Reprimo minha vontade de rir. — Claro que eu não tenho, eu o conheci hoje — Digo o óbvio.

Você e essa ideia maluca de chamá-lo para nosso grupo, eu não mereço. — resmunga, não escondendo a antipatia em relação ao Dominic.

Ele é gato, tem motivo melhor? — Brinco, sabendo que sua reação não será das melhores.

Isso é sério? Beca, eu sou muito mais lindo que ele e mais social, as garotas caem aos meus pés eu sou...

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