Capítulo VIII

3.5K 219 50
                                    

Viro-me lentamente sentindo minhas pernas fraquejarem, ele não tem ideia de como me deixa nervosa. E o fato dele ter me seguido... Certamente não esperava por isso. Fico sondando seus olhos, que me encaram com uma intensidade quase constrangedora. É uma droga nunca conseguir saber o que se passa pela sua cabeça.

- Eu sinto muito por tudo isso, ela só queria te ajudar. - Ele se aproxima um pouco mais e tudo o que consigo prestar atenção é no movimento suave de seus lábios avermelhados, parecem divinamente esculpidos. - Não vamos deixar o clima ficar estranho por isso.

- O clima já está estranho. - retruco de forma um pouco mais rude do que eu pretendia. Pela primeira vez, desde que o conheci, consegui coragem para olhá-lo firmemente nos olhos.

Nick solta um suspiro cansado. - Se quer mesmo saber, eu gostaria sim de ficar com você, mas existe coisas que não gostaria de descobrir sobre mim.

Prendo o ar por um momento, ainda atônita com sua confissão.

- Mas se fôssemos amigos eu não saberia de qualquer maneira? - pergunto com a voz trêmula, me sinto completamente confusa. O que exatamente ele quer dizer com isso?

- Para uma amiga eu não teria que dar explicações, mas para uma namorada sim. - Explica dando de ombros.

Namorada?!. O que exatamente a Jessy disse para ele? Minha intenção nunca foi namora-lo, meu único intuito era conhece-lo aos poucos e manter algum tipo de relação em que eu não teria que me envolver totalmente. Eu não estou preparada para entrar em outro relacionamento sério. Não agora.

- Como?! A Jessy disse que eu queria namorar você? - questiono um pouco alto demais, fazendo com que uma senhora nos olhe enquanto passa por nós.

- Não. Mas você não é como algumas das garotas com quem fico, tudo que o que rola são fodas casuais, nada além disso. - Dá de ombros, acendendo mais uma vez o seu cigarro. - E também, a maioria delas só se interessam pelo dinheiro. Não quero que seja assim com você, mas eu não estou afim de me envolver por enquanto.

Sinto minhas bochechas arderem, sinto-me realmente feliz por sua sinceridade e, por alguma razão desconhecida, não querer que eu seja apenas mais uma. Não sei o que ele viu em mim que o fez querer me prevenir de um possível sofrimento. Afinal, nos conhecemos há apenas uma semana. No fundo, isso despertou uma pequena esperança de conquista-lo, mas por enquanto, me contento em ser apenas sua amiga.

Nick se oferece para me levar até minha casa, a princípio, nego. Não consigo nem imaginar a reação do meu pai caso, por coincidência, ele veja que um cara que ele não conhece me levou para casa. Só que ao notar como a noite vai se tornando cada vez mais escura e sombria, decido que não tenho outra saída senão aceitar. Não correrei riscos andando por aí sozinha a noite, dado o fato de que meus pais me tornaram uma pessoa paranoica quanto a minha própria segurança. Ele me pede para acompanha-lo até a sua casa, que fica no mesmo bairro que a da Jessy, para que possa pegar seu carro.

- Você dirige? - Pergunto incrédula.

- Eu já tenho dezoito anos, reprovei um ano, por isso ainda estou no colegial. - responde com um pequeno sorriso, como se o fato de ter reprovado não fosse nada demais.

- Isso não tem graça, Nick - Dou um leve empurrão nele com o ombro. Não consigo evitar o arrepio que percorre meu corpo ao tocar sua pele.

Passamos o resto do curto caminho até a casa dele em silêncio. Ele não fala muito sobre sua vida e eu não vou arriscar fazer perguntas que o irrite ou o deixe desconfortável. Não pude evitar a surpresa que tive quando sua mão se apoiou delicadamente em minhas costas, enquanto atravessávamos a avenida movimentada. Um gesto que o fez ganhar alguns pontos no meu conceito.

ConsequênciasOnde histórias criam vida. Descubra agora