Queria poder dizer que estou lidando bem com essa situação, mas essa seria uma grande mentira. Estou enlouquecendo e não sei quanto tempo vou conseguir manter tantas mentiras.
Estava na porta da casa do Eduardo, embora seja o último lugar em que queria estar, não tinha muitas escolhas, ou eu teria que lidar com a reação catastrófica que meu pai teria quando descobrisse sobre meu envolvimento muito íntimo com o Nick.
- Obrigado por ter vindo, Beca - cumprimenta, se aproximando para depositar um beijo em meu rosto, prontamente desvio.
Seus lábios se apertam e ele abre passagem para que eu entre.
- Não é como se eu tivesse tido uma escolha - respondo ácida.
- Não faça essa cara, tenho certeza de que vai adorar.
Eduardo me guia até a cozinha, onde uma pequena cozinheira prepara agilmente algum tipo de massa em suas mãos magras e pálidas, enquanto um aroma muito agradável invade minhas narinas.
A cozinha permanece exatamente como da última vez em que estive aqui, enquanto ainda era namorada dele. As cores pastéis dos azulejos trazem uma vaga lembrança dos bons e divertidos momentos que tivemos nesse ambiente, enquanto fazíamos minha receita preferida, brownie. Mas isso é algo que desejo intensamente esquecer.
Assim que nos sentamos na mesa a mulher se aproxima com uma bandeja prateada nas mãos, deixando-a na minha frente e rapidamente se afastando. Eduardo me encara, como se estivesse ordenando que eu provasse.
Brownie. Ele sabe o quanto amo, certamente está tentando apelar para minhas memórias.
Suspiro e levo o pequeno retângulo à boca, sentindo o suave sabor do chocolate. Está delicioso. Mas não irei dar o gostinho de satisfação a ele. Deposito o pedaço restante no prato, forçando uma expressão de desagrado, e então levanto meu olhar gélido em sua direção.
- O que achou? - pergunta esperançoso.
- É comível - seu sorriso murcha lentamente. - Me obrigou a vir aqui só para isso?
Eduardo suspira e balança a cabeça negativamente, sua mão faz um singelo sinal para a cozinheira, que rapidamente nos deixa a sós.
- Achei que isso faria você perceber que não me esqueci dos seus gostos. - seus lábios se curvam em um sorriso. - Mas tudo bem, o que quero te dar é algo que será impossível não gostar.
Franzo a testa sem entender exatamente ao que se refere.
Ele se levanta e puxa uma pequena caixinha de seu bolso dianteiro, um sorriso convencido permanece todo o tempo em seu rosto. Então, estende para mim e eu agarro hesitante e desconfiada.
Mesmo que eu esteja lutando para parecer indiferente aos seus esforços, é impossível não me surpreender com o que vejo ao desfazer delicadamente o laço que prende a tampa da caixa de cor azul escuro.
As pequenas pedras negras brilham sob a luz do ambiente, ao lado de cinco pingentes, cinco pequenos querubins.
É uma pulseira. Uma pulseira fodidamente cara.
Ele sabia o quanto eu desejava essa pulseira, porque pertence a uma coleção exclusiva e limitada, ou seja, existiam apenas três peças, e eu não havia conseguido comprá-la a tempo. Eduardo sabia o quanto eu a queria.
Levanto meu olhar para encara-lo, ainda aturdida, um enorme sorriso estampa seus lábios, completamente presunçoso.
Levo alguns segundos para, finalmente, conseguir dizer algo.
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Consequências
Novela JuvenilRebeca tem um futuro brilhante pela frente, mas todos os seus planos são postos à prova quando um novo e peculiar aluno resolve aparecer para confundir o caminho que ela já acreditava estar traçado. Dominic, o garoto misterioso, consegue despertar n...